Partido de presidente quer estabelecer diretrizes para candidatos nas próximas eleições; sigla expulsa o deputado Alexandre Frota, que fez críticas ao governo
A medida ocorre após cobrança do próprio presidente, que exige o “enquadramento” de parlamentares que discordem de ações da sua gestão
Estadão Conteúdo
Foto: Divulgação
Brasília - O PSL vai implantar uma espécie de “filtro” ideológico para definir quem serão seus candidatos nas próximas eleições e evitar que nomes considerados desalinhados ao governo Jair Bolsonaro representem a sigla. A medida ocorre após cobrança do próprio presidente, que exige o “enquadramento” de parlamentares que discordem de ações da sua gestão. Nesta terça-feira (13), um desses dissidentes, o deputado Alexandre Frota (PSL-SP), foi expulso da legenda.
A medida foi vista internamente como um gesto de “purificação” do partido, que tenta se associar ainda mais à imagem do presidente da República. Além de “filtrar” novos filiados, o partido quer “enquadrar” os que não seguirem à risca as diretrizes do partido.
Ainda não está definido como e quem fará o pente-fino nos nomes que poderão concorrer pelo PSL. Um grupo do partido defende a contratação de uma consultoria externa especializada em compliance, enquanto outro quer a criação de uma espécie de conselho, formado por nomes da própria sigla.
Compliance é um termo empresarial que se refere a uma série de regras adotadas para certificar que funcionários estão agindo em conformidade com a legislação e os códigos de ética da empresa.
“É uma medida para dar uma cara de novo ao PSL. A gente tem de saber quem está vindo se candidatar pelo partido. Temos de saber se ele é ficha-limpa, qual o passado político dele. Se não, daqui a pouco, vamos ver um esquerdista querendo se lançar só porque o partido cresceu e virou viável”, afirmou a deputada federal Carla Zambelli (SP).
No início do mês, o presidente do partido, o deputado Luciano Bivar (PE), se reuniu com Bolsonaro no Palácio do Planalto a portas fechadas. Lá, o dirigente do PSL foi cobrado a “enquadrar” os deputados do partido que discordam do governo. O presidente disse ainda a Bivar que era necessário afinar o discurso da bancada e cobrou “unidade”. Em troca, Bolsonaro sinalizou ficar na sigla até 2022.
“Nós somos um partido do governo. O presidente é nosso filiado. Então, é óbvio que o partido tem de manter seus filiados e seus partidários em cima das orientações do governo. Quem não estiver satisfeito que...”, afirmou Bivar, fazendo com as mãos o sinal de sair.
Antes de Bolsonaro se filiar, o partido era considerado nanico e elegeu apenas um deputado em 2014. No ano passado, foram 52.
Além da defesa do bolsonarismo, o candidato terá de assumir a pauta conservadora nos costumes, ser a favor da reforma do Estado e condenar o aborto e a chamada “ideologia de gênero”. Os filiados passam também por uma investigação do seu passado político e pelas publicações feitas em redes sociais.
“Não poderá ter ligação com a esquerda. Do PT, jamais”, afirmou o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP). Questionado sobre o caso do apresentador José Luiz Datena, cotado para disputar a Prefeitura de São Paulo pelo partido, mas que já foi filiado ao PT, Tadeu disse que a regra vai prever exceções. “Hoje, ele é declaradamente de direita.”
As mudanças representam o fortalecimento das alas ideológicas e militares, que, desde o início do governo, cobravam uma maior fidelidade dos deputados ao governo e a Bolsonaro. O próprio líder da bancada na Câmara, Delegado Waldir (GO), já criticou abertamente o presidente.
Expulsão
A expulsão de Frota já estava sendo articulada desde o mês passado. O PSL recebeu três pedidos contra o parlamentar, protocolados pela deputada Carla Zambelli, pelo senador Major Olímpio (SP) e pelo próprio Bivar, que iniciou o processo interno após o encontro com Bolsonaro. Com a expulsão, o PSL ficou com a segunda maior bancada da Câmara – 53 deputados, um a menos do que o PT.
Terceiro deputado mais votado do PSL em São Paulo, com 155 mil votos, Frota foi eleito com base na defesa enfática de Bolsonaro e em ataques ao PT. Após a eleição, as críticas passaram a ser feitas também ao próprio presidente e ao governo.
A situação do parlamentar na sigla se agravou após ele afirmar que Bolsonaro é a sua “maior decepção” e que a indicação de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, para a embaixada brasileira em Washington representa a “velha política”. O deputado também entrou em disputa pelo comando de diretórios do PSL em São Paulo.
No sábado, o parlamentar desativou seus perfis nas redes sociais. A medida foi vista como uma “prevenção” aos ataques que poderia vir a sofrer com a expulsão. No Facebook, Frota tinha 1,1 milhão de seguidores. No Twitter, somava 170 mil.
Procurado, o deputado não quis se manifestar.
A medida ocorre após cobrança do próprio presidente, que exige o “enquadramento” de parlamentares que discordem de ações da sua gestão
Estadão Conteúdo
Foto: Divulgação
Brasília - O PSL vai implantar uma espécie de “filtro” ideológico para definir quem serão seus candidatos nas próximas eleições e evitar que nomes considerados desalinhados ao governo Jair Bolsonaro representem a sigla. A medida ocorre após cobrança do próprio presidente, que exige o “enquadramento” de parlamentares que discordem de ações da sua gestão. Nesta terça-feira (13), um desses dissidentes, o deputado Alexandre Frota (PSL-SP), foi expulso da legenda.
A medida foi vista internamente como um gesto de “purificação” do partido, que tenta se associar ainda mais à imagem do presidente da República. Além de “filtrar” novos filiados, o partido quer “enquadrar” os que não seguirem à risca as diretrizes do partido.
Ainda não está definido como e quem fará o pente-fino nos nomes que poderão concorrer pelo PSL. Um grupo do partido defende a contratação de uma consultoria externa especializada em compliance, enquanto outro quer a criação de uma espécie de conselho, formado por nomes da própria sigla.
Compliance é um termo empresarial que se refere a uma série de regras adotadas para certificar que funcionários estão agindo em conformidade com a legislação e os códigos de ética da empresa.
“É uma medida para dar uma cara de novo ao PSL. A gente tem de saber quem está vindo se candidatar pelo partido. Temos de saber se ele é ficha-limpa, qual o passado político dele. Se não, daqui a pouco, vamos ver um esquerdista querendo se lançar só porque o partido cresceu e virou viável”, afirmou a deputada federal Carla Zambelli (SP).
No início do mês, o presidente do partido, o deputado Luciano Bivar (PE), se reuniu com Bolsonaro no Palácio do Planalto a portas fechadas. Lá, o dirigente do PSL foi cobrado a “enquadrar” os deputados do partido que discordam do governo. O presidente disse ainda a Bivar que era necessário afinar o discurso da bancada e cobrou “unidade”. Em troca, Bolsonaro sinalizou ficar na sigla até 2022.
“Nós somos um partido do governo. O presidente é nosso filiado. Então, é óbvio que o partido tem de manter seus filiados e seus partidários em cima das orientações do governo. Quem não estiver satisfeito que...”, afirmou Bivar, fazendo com as mãos o sinal de sair.
Antes de Bolsonaro se filiar, o partido era considerado nanico e elegeu apenas um deputado em 2014. No ano passado, foram 52.
Além da defesa do bolsonarismo, o candidato terá de assumir a pauta conservadora nos costumes, ser a favor da reforma do Estado e condenar o aborto e a chamada “ideologia de gênero”. Os filiados passam também por uma investigação do seu passado político e pelas publicações feitas em redes sociais.
“Não poderá ter ligação com a esquerda. Do PT, jamais”, afirmou o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP). Questionado sobre o caso do apresentador José Luiz Datena, cotado para disputar a Prefeitura de São Paulo pelo partido, mas que já foi filiado ao PT, Tadeu disse que a regra vai prever exceções. “Hoje, ele é declaradamente de direita.”
As mudanças representam o fortalecimento das alas ideológicas e militares, que, desde o início do governo, cobravam uma maior fidelidade dos deputados ao governo e a Bolsonaro. O próprio líder da bancada na Câmara, Delegado Waldir (GO), já criticou abertamente o presidente.
Expulsão
A expulsão de Frota já estava sendo articulada desde o mês passado. O PSL recebeu três pedidos contra o parlamentar, protocolados pela deputada Carla Zambelli, pelo senador Major Olímpio (SP) e pelo próprio Bivar, que iniciou o processo interno após o encontro com Bolsonaro. Com a expulsão, o PSL ficou com a segunda maior bancada da Câmara – 53 deputados, um a menos do que o PT.
Terceiro deputado mais votado do PSL em São Paulo, com 155 mil votos, Frota foi eleito com base na defesa enfática de Bolsonaro e em ataques ao PT. Após a eleição, as críticas passaram a ser feitas também ao próprio presidente e ao governo.
A situação do parlamentar na sigla se agravou após ele afirmar que Bolsonaro é a sua “maior decepção” e que a indicação de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, para a embaixada brasileira em Washington representa a “velha política”. O deputado também entrou em disputa pelo comando de diretórios do PSL em São Paulo.
No sábado, o parlamentar desativou seus perfis nas redes sociais. A medida foi vista como uma “prevenção” aos ataques que poderia vir a sofrer com a expulsão. No Facebook, Frota tinha 1,1 milhão de seguidores. No Twitter, somava 170 mil.
Procurado, o deputado não quis se manifestar.
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