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No Amapá Cacique é morto após invasão de garimpeiros em terra indígena

Emyra Waiãpi, 68, foi morto de forma violenta na aldeia Waseity. Ministério Público Federal instaurou uma investigação criminal para apurar a morte do indígena

Redação

Foto: Apu Gomes / AFP

Cley Medeiros


Índigenas denunciaram às autoridades públicas que garimpeiros invadiram a Terra Indígena Waiãpi, no oeste do Amapá, distante 130 quilômetros da capital Macapá, e que um cacique foi morto durante a invasão na ultima segunda feira (22). Segundo relatos, os garimpeiros estavam acampados no interior da reserva protegida por legislação Federal que garante aos povos indígenas autonomia sobre o território.

De acordo com a entidade que representa os Waiãpi, na sexta-feira (26), durante a noite, os invasores entraram na aldeia e se instalaram em uma das casas, ameaçandos os índios, que fugiram para outras aldeias da região. moradores da aldeia Yvytotô se depararam com um grupo de índios não armados e avisaram as demais aldeias pelo rádio.

Funai

A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que acionou as autoridades competentes assim que foi notificada, no sábado (27). O órgão responsável pelos indígenas, vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, deslocou uma equipe para o local, considerado de difícil acesso, por conta da falta de estradas em condições trafegáveis. Equipes da Polícia Federal (PF) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar do Amapá, também estão na região para apurar o ocorrido, informou a Fundação.

A Procuradoria do Ministério Público Federal (MPF) no estado instaurou uma investigação criminal, nesse sábado (27) para apurar a morte da liderança Waiãpi. Procuradores já pediram à PF informações a respeito das denúncias de invasão à terra indígena e sobre as providências já adotadas para “evitar o agravamento do conflito”. "Não é possível afirmar com certeza o que ocorreu até agora", disse o procurador da República Rodolfo Lopes.

Frente Parlamentar

Em nota, a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas manifestou preocupação com o ataque e a invasão ao território indígena. “Reiteramos a obrigação do Estado brasileiro garantir o direito dos povos indígenas de terem medidas que evitem a prática constante contra a vida e os seus bens e de proteção devida diante da grave violação dos seus direitos, com a repressão e punição dos responsáveis”, destacou a frente parlamentar. O Senador Randolfe Rodrigues, do Amapá, é um dos represtantes da Frente, e publicou neste domingo (28), vídeo que relata a chegada de autoridades policias na aldeia.

Também em nota, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) afirmou esperar que os órgãos e autoridades públicas tomem medidas urgentes, estruturantes e isentas politicamente, para identificar e punir, na forma da lei, os responsáveis pelo ataque aos Waiãpi.

A demarcação da Terra Indígena Waiãpi foi homologada em 1996, por meio de um decreto presidencial assinado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. A terra mede pouco mais de 607 mil hectares (cada hectare corresponde, aproximadamente, às medidas oficiais de um campo de futebol oficial), espalhados pelo território de três municípios: Laranjal do Jari, Mazagão, Pedra Branca do Amapari.

Garimpo ilegal

O território Waiãpi já sofreu outras investidas violentas de garimpeiros. No início deste ano, a ação de cerca de 50 garimpeiros ocasionou um conflito com indígenas. Lideranças locais interviram após o alto indíce de seguraça vivido pelos Waiãpi. Uma das principais lideranças foi eleita para a Câmara Municipal de Macapá. O vereador Jawaruwa Waiãpi (Rede), foi um dos principais nomes à divulgar a ação criminosa que levou a morte de Emyra Waiãpi.


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