Três pessoas morreram e cinco ficaram feridos durante uma passeata que
levaria Elias Pinto de volta à prefeitura de Santarém, a segunda maior
cidade do Pará e a terceira da Amazônia.
Está indo para as bancas e livrarias o novo livro do jornalista Lúcio Flávio Pinto. O livro é dedicado à reconstituição do massacre praticado em Santarém pela Polícia Militar, a mando do então governador Alacid Nunes.
Lúcio Flávio Pinto
O episódio sangrento, que resultou em três mortos e cinco feridos, completou meio século neste dia 20/10/2018. Tem importância nacional porque antecedeu o procedimento que o regime militar adotaria a partir do AI-5, editado pelo segundo presidente militar, o general Costa e Silva, três meses depois. A partir daí, a ditadura se assumiria como tal, liberando a barbárie estatal contra os inimigos, adversários ou desafetos do regime.
Reproduzo o texto de apresentação do livro, A tragédia de Santarém, (Prelúdio do AI-5 na Amazônia). A obra tem 172 páginas e custa 30 reais.
Três pessoas morreram e cinco ficaram feridos durante uma passeata que levaria Elias Pinto de volta à prefeitura de Santarém, a segunda maior cidade do Pará e a terceira da Amazônia. O prefeito era do MDB, o partido da oposição, que só conseguira eleger outro prefeito, em 1966, em um município de pouca importância, Santa Izabel.
A vitória da Arena, o partido no governo e no poder, avalizado pelos chefes do golpe militar de 1964, foi arrasadora. A derrota em Santarém, no entanto, ficara como uma espinha atravessada na garganta do governador Alacid Nunes.
Ele não sossegou enquanto não expeliu o fato incômodo. E o fez através do envio de Belém 150 homens da Polícia Militar com a ordem de não permitir que o prefeito oposicionista retomasse o cargo, do qual fora afastado quase um ano antes, pela maioria de dois terços da câmara municipal, de vereadores da Arena.
O choque entre a massa e a tropa foi sangrento. Mais sangrento do que todos os demais conflitos daquele 1968, o ano que não terminou, o fluir dos dias finais interrompido tragicamente pelo AI-5, de 13 de dezembro, uma sexta-feira fatídica. O massacre de Santarém tinha todos os componentes do tipo de violência institucional que iria se espalhar pelo país a partir do Ato Institucional número 5.
Elias Pinto e Santarém, abalados por essas mortes, foram punidos pelo governo militar, o prefeito com a perda do mandato e dos direitos políticos, o município com a supressão do direito democrático de continuar a eleger o seu mandatário (o mesmo ato atingiria também a temida Santos, do “porto vermelho” paulista).
O que poderia ser um drama local acabou sendo uma antecipação dos “anos de chumbo” que cobririam o Brasil de trevas. Apesar da sua gravidade e importância, porém, esse acontecimento tem sido relegado ao esquecimento, mesmo agora, quando completa 50 anos. Para que esse castigo não permaneça, escrevi este livro, que é também uma homenagem ao personagem principal da história, meu pai, Elias Ribeiro Pinto.
O livro poderia ser mais rico e completo, se eu tivesse disposto de tempo suficiente para processar tanta informação acumulada em anos de pesquisa. Decidi combinar textos inéditos e já publicados para não deixar passar em branco a data. Se me for possibilitada uma segunda edição, realizarei o projeto original, com uma abordagem compatível com a dimensão do tema abordado.
Este livro é também de Iraci, Eliaci, Raimundo, Luiz, Elias Jr., Pedro e Paulo, o mundo mais próximo de Elias, sua continuidade depois de dezembro de 1985, quando ele ficou pelo caminho (seguido por Raimundo e Iraci, para tristeza de todos nós). Luiz Antônio ilustra e edita o livro.
Lúcio Flávio de Faria Pinto é jornalista
Está indo para as bancas e livrarias o novo livro do jornalista Lúcio Flávio Pinto. O livro é dedicado à reconstituição do massacre praticado em Santarém pela Polícia Militar, a mando do então governador Alacid Nunes.
Lúcio Flávio Pinto
O episódio sangrento, que resultou em três mortos e cinco feridos, completou meio século neste dia 20/10/2018. Tem importância nacional porque antecedeu o procedimento que o regime militar adotaria a partir do AI-5, editado pelo segundo presidente militar, o general Costa e Silva, três meses depois. A partir daí, a ditadura se assumiria como tal, liberando a barbárie estatal contra os inimigos, adversários ou desafetos do regime.
Reproduzo o texto de apresentação do livro, A tragédia de Santarém, (Prelúdio do AI-5 na Amazônia). A obra tem 172 páginas e custa 30 reais.
Três pessoas morreram e cinco ficaram feridos durante uma passeata que levaria Elias Pinto de volta à prefeitura de Santarém, a segunda maior cidade do Pará e a terceira da Amazônia. O prefeito era do MDB, o partido da oposição, que só conseguira eleger outro prefeito, em 1966, em um município de pouca importância, Santa Izabel.
A vitória da Arena, o partido no governo e no poder, avalizado pelos chefes do golpe militar de 1964, foi arrasadora. A derrota em Santarém, no entanto, ficara como uma espinha atravessada na garganta do governador Alacid Nunes.
Ele não sossegou enquanto não expeliu o fato incômodo. E o fez através do envio de Belém 150 homens da Polícia Militar com a ordem de não permitir que o prefeito oposicionista retomasse o cargo, do qual fora afastado quase um ano antes, pela maioria de dois terços da câmara municipal, de vereadores da Arena.
O choque entre a massa e a tropa foi sangrento. Mais sangrento do que todos os demais conflitos daquele 1968, o ano que não terminou, o fluir dos dias finais interrompido tragicamente pelo AI-5, de 13 de dezembro, uma sexta-feira fatídica. O massacre de Santarém tinha todos os componentes do tipo de violência institucional que iria se espalhar pelo país a partir do Ato Institucional número 5.
Elias Pinto e Santarém, abalados por essas mortes, foram punidos pelo governo militar, o prefeito com a perda do mandato e dos direitos políticos, o município com a supressão do direito democrático de continuar a eleger o seu mandatário (o mesmo ato atingiria também a temida Santos, do “porto vermelho” paulista).
O que poderia ser um drama local acabou sendo uma antecipação dos “anos de chumbo” que cobririam o Brasil de trevas. Apesar da sua gravidade e importância, porém, esse acontecimento tem sido relegado ao esquecimento, mesmo agora, quando completa 50 anos. Para que esse castigo não permaneça, escrevi este livro, que é também uma homenagem ao personagem principal da história, meu pai, Elias Ribeiro Pinto.
O livro poderia ser mais rico e completo, se eu tivesse disposto de tempo suficiente para processar tanta informação acumulada em anos de pesquisa. Decidi combinar textos inéditos e já publicados para não deixar passar em branco a data. Se me for possibilitada uma segunda edição, realizarei o projeto original, com uma abordagem compatível com a dimensão do tema abordado.
Este livro é também de Iraci, Eliaci, Raimundo, Luiz, Elias Jr., Pedro e Paulo, o mundo mais próximo de Elias, sua continuidade depois de dezembro de 1985, quando ele ficou pelo caminho (seguido por Raimundo e Iraci, para tristeza de todos nós). Luiz Antônio ilustra e edita o livro.
Lúcio Flávio de Faria Pinto é jornalista
Tenho interesse em adquirir o livro.
ResponderExcluirOnde encontro p comprar?
Meu pai fez parte dessa história, também foi um dos feridos (baleado) nessa manifestação.
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