Dornélio Silva (*)
A eleição de 2018, apesar, ainda, do obscunrantismo na mente do eleitor em relação aos protagonistas desse jogo, começa a mostrar um indicativo de negação aos nomes que, até então, estão sendo cogitados para disputar a eleição majoritária. Apesar de estarmos a oito meses das eleições, as pesquisas mostram o que está passando nesse momento pela mente do eleitor em relação ao quadro político-eleitoral.
Através dos estudos que estamos fazendo de acompanhamento do processo eleitoral, destaco uma variável fortíssima que se apresenta para essas eleições: Votos Brancos e Nulos e eleitor que vai se recusar a ir às urnas em outubro. Analisando dados de pesquisa da Doxa, chamou-me a atenção o grande percentual de pessoas que tendem a votar branco ou nulo ou que não querem participar das eleições deste ano. Essa média está em torno de 40%.
Lembrando que, na recente eleição suplementar no Estado do Amazonas, o número de eleitores que não compareceram às urnas no segundo turno, somado aos votos brancos e nulos, foi de mais de um milhão de pessoas, o que significa quase 50% de eleitores aptos para votar no Estado.
O exemplo do Amazonas é um indicativo do que poderá acontecer nessas eleições gerais de outubro próximo. Mas, quem são os eleitores que estão tendendo seguir essa terceira via? Em nossos estudos sobre o comportamento do eleitor, especialmente o paraense, traçamos o perfil desse eleitor. No que concerne ao gênero, as mulheres estão mais propensas a seguir essa tendência do que os homens.
Quanto à faixa de idade, os que tem entre 35 a 44 anos são os que querem votar branco ou nulo. Chama a atenção o nível de escolaridade. Quanto mais aumenta o nível de instrução, mais aumenta a indecisão do eleitor e a vontade de não ir às urnas em outubro próximo.
Situação semelhante ao nível de escolaridade é quanto à renda: quanto mais aumenta o nível de renda, mais aumenta a indecisão e a tendência a anular o voto. E quanto à religião, a flutuação maior está entre os evangélicos. Em relação às mesorregiões do Estado do Pará, o maior índice de eleitores que tendem a votar branco ou anular o voto está no sudoeste paraense, chegando a 42,4%.
Corroborando com essas informações, chama a atenção o percentual de branco/nulo quando se faz a pergunta para saber a tendência do voto do eleitor, na questão em que a resposta aparece de forma espontânea e na estimulada. Na espontânea, o índice de votos branco/nulo é menor do que os indecisos, quando estimulamos, isto é, apresentamos os nomes ao eleitor, o percentual de branco/nulo duplica, significando a rejeição direta aos nomes dos políticos.
Outro fator a ser considerado quanto a esse eleitor flutuante é que a grande maioria, 68%, não votaria de jeito nenhum em alguém envolvido na Operação Lava Jato. No Estado do Amazonas, passaram para o segundo turno Amazonino Mendes (PDT) e Eduardo Braga (PMDB). Eduardo Braga, apoiado por Temer e citado na Lava Jato, começou a campanha como o grande favorito, com índices em pesquisas em torno de 60%. Passou para o segundo turno com 25% dos votos válidos. E na disputa com Amazonino foi derrotado com uma diferença de 18,42%.
A tendência do aumento da abstenção, do voto branco e nulo já foi detectada na eleição de 2016. De acordo com Jairo Nicolau, cientista política e especialista em sistemas eleitorais, o alto número de abstenções ocorrido nas eleições 2016 confirma, na verdade, que o voto obrigatório não é mais o peso que tinha sobre as pessoas e que as punições não são suficientes para levar o eleitor às urnas. Para ele, os votos brancos e nulos são sim um sinal de descontentamento, “um sentimento que começamos a ver em 2013, veio mais forte em 2015 e 2016 com as denúncias de corrupção e a crise do PT, que era uma espécie de reserva moral desse sistema político, e refletiu-se nessa eleição.”
Nas eleições de 2014, a abstenção, os votos brancos e nulos somaram 29% no Brasil. No Pará essa somatória foi para 35,68%. O que se verifica, diante da crise de representatividade que estamos passando e da imensa descrença na classe política brasileira, é a tendência, nessas eleições, do voto branco, nulo e abstenção ser a terceira via desse eleitor descontente. Mas, independente de o eleitor votar branco ou nulo ou mesmo se abster de votar, as eleições vão acontecer. E essa situação é muito ruim para a nossa democracia, porque teremos uma quantidade menor de pessoas decidindo o destino de todos.
(*) Mestre em Ciência Política e diretor-presidente da Doxa Comunicação Integrada.
Através dos estudos que estamos fazendo de acompanhamento do processo eleitoral, destaco uma variável fortíssima que se apresenta para essas eleições: Votos Brancos e Nulos e eleitor que vai se recusar a ir às urnas em outubro. Analisando dados de pesquisa da Doxa, chamou-me a atenção o grande percentual de pessoas que tendem a votar branco ou nulo ou que não querem participar das eleições deste ano. Essa média está em torno de 40%.
Lembrando que, na recente eleição suplementar no Estado do Amazonas, o número de eleitores que não compareceram às urnas no segundo turno, somado aos votos brancos e nulos, foi de mais de um milhão de pessoas, o que significa quase 50% de eleitores aptos para votar no Estado.
O exemplo do Amazonas é um indicativo do que poderá acontecer nessas eleições gerais de outubro próximo. Mas, quem são os eleitores que estão tendendo seguir essa terceira via? Em nossos estudos sobre o comportamento do eleitor, especialmente o paraense, traçamos o perfil desse eleitor. No que concerne ao gênero, as mulheres estão mais propensas a seguir essa tendência do que os homens.
Quanto à faixa de idade, os que tem entre 35 a 44 anos são os que querem votar branco ou nulo. Chama a atenção o nível de escolaridade. Quanto mais aumenta o nível de instrução, mais aumenta a indecisão do eleitor e a vontade de não ir às urnas em outubro próximo.
Situação semelhante ao nível de escolaridade é quanto à renda: quanto mais aumenta o nível de renda, mais aumenta a indecisão e a tendência a anular o voto. E quanto à religião, a flutuação maior está entre os evangélicos. Em relação às mesorregiões do Estado do Pará, o maior índice de eleitores que tendem a votar branco ou anular o voto está no sudoeste paraense, chegando a 42,4%.
Corroborando com essas informações, chama a atenção o percentual de branco/nulo quando se faz a pergunta para saber a tendência do voto do eleitor, na questão em que a resposta aparece de forma espontânea e na estimulada. Na espontânea, o índice de votos branco/nulo é menor do que os indecisos, quando estimulamos, isto é, apresentamos os nomes ao eleitor, o percentual de branco/nulo duplica, significando a rejeição direta aos nomes dos políticos.
Outro fator a ser considerado quanto a esse eleitor flutuante é que a grande maioria, 68%, não votaria de jeito nenhum em alguém envolvido na Operação Lava Jato. No Estado do Amazonas, passaram para o segundo turno Amazonino Mendes (PDT) e Eduardo Braga (PMDB). Eduardo Braga, apoiado por Temer e citado na Lava Jato, começou a campanha como o grande favorito, com índices em pesquisas em torno de 60%. Passou para o segundo turno com 25% dos votos válidos. E na disputa com Amazonino foi derrotado com uma diferença de 18,42%.
A tendência do aumento da abstenção, do voto branco e nulo já foi detectada na eleição de 2016. De acordo com Jairo Nicolau, cientista política e especialista em sistemas eleitorais, o alto número de abstenções ocorrido nas eleições 2016 confirma, na verdade, que o voto obrigatório não é mais o peso que tinha sobre as pessoas e que as punições não são suficientes para levar o eleitor às urnas. Para ele, os votos brancos e nulos são sim um sinal de descontentamento, “um sentimento que começamos a ver em 2013, veio mais forte em 2015 e 2016 com as denúncias de corrupção e a crise do PT, que era uma espécie de reserva moral desse sistema político, e refletiu-se nessa eleição.”
Nas eleições de 2014, a abstenção, os votos brancos e nulos somaram 29% no Brasil. No Pará essa somatória foi para 35,68%. O que se verifica, diante da crise de representatividade que estamos passando e da imensa descrença na classe política brasileira, é a tendência, nessas eleições, do voto branco, nulo e abstenção ser a terceira via desse eleitor descontente. Mas, independente de o eleitor votar branco ou nulo ou mesmo se abster de votar, as eleições vão acontecer. E essa situação é muito ruim para a nossa democracia, porque teremos uma quantidade menor de pessoas decidindo o destino de todos.
(*) Mestre em Ciência Política e diretor-presidente da Doxa Comunicação Integrada.
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