Artigo publicado no Congresso em Foco
Por Rebecca Garcia
O rio Negro atingiu 29m78, na quarta-feira (16), marcando o novo recorde de enchente na Amazônia. É um desastre natural de enormes proporções. Há risco de a “cota 30″, que marca os 30 metros acima do nível do mar, paradigma de segurança nas construções próximas aos rios, ser superada nos próximos trinta dias. Aí o problema será ainda maior.
O cenário é inimaginável. As ruas do Centro histórico de Manaus inundadas, interditadas para o tráfego e recebendo carradas de cal, para evitar o odor provocado pelos esgotos inundados e as pragas urbanas. Perto de 50 dos 62 Municípios amazonenses foram seriamente atingidos, estão em estado de emergência, e dois, Barreirinha e Anamã, chegaram ao estado de calamidade pública.
O governo do estado providencia hospitais flutuantes para tentar atender à demanda provocada pelo surgimento de doenças de veiculação hídrica, enquanto famílias desabrigadas ocupam escolas e outros prédios públicos.
Fui ao ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, na véspera, em busca de indenização para as famílias cujas casas foram por água abaixo. Ele se mostrou sensível. Há disposição do governo da presidenta Dilma Rousseff em ajudar. Volto lá, na semana que vem, levando comigo a secretária de Infraestrutura do estado do Amazonas, Waldívia Alencar, para tentar iniciar um programa de alocação dessas pessoas em locais seguros. Minha ação está sendo combinada com o governador Omar Aziz.
A histórica grande cheia na Amazônia havia ocorrido em 1953, quando o rio atingiu 29m69. Depois, em 2009, esse recorde foi superado com 29m77. Transcorreram 56 anos. Agora, passados apenas três anos, a marca é superada em muito.
O ribeirinho é um homem solitário. Vive na Zona Rural. Planta aproveitando o húmus fertilizante da várzea e para que sua produção não fique distante do rio, única via de escoamento. Quando enche além do previsto – e nunca havia enchido como agora –, tudo se perde. Para completar, o peixe ganha um mar de água doce para se esconder e lá se vai a principal fonte de proteína dessa gente.
Empurrado para as sedes municipais, o caboclo leva consigo novas demandas às prefeituras, num estado onde eles rondam a insolvência toda vez que há o reajuste do salário mínimo e não conseguem pagar aos professores o novo, embora ainda minguado, salário base da educação.
Essa bola de neve vem rolando desde os altos rios, em municípios como Boca do Acre, Santa Isabel do Rio Negro, Benjamin Constant, Tabatinga, São Paulo de Olivença e outros, até atingir os médios e baixos rios, com as cidades mais populosas do interior, como Manacapuru, Itacoatiara e Parintins.
O normal é que o pior passe numa ponta, antes de chegar à outra. Este ano, porém, das duas cidades em estado de calamidade pública, um estágio mais grave que o estado de emergência, Anamã fica no Médio Solimões, enquanto Barreirinha fica na região do Baixo Amazonas, no paraná do Ramos, afluente do rio Amazonas. Ou seja, o problema está alastrado no território amazonense como raramente acontece.
Nosso povo sofre as agruras de representar a nação no maior reservatório de água doce do planeta. O Amazonas precisa de ajuda do Brasil. Urgente
Por Rebecca Garcia
O rio Negro atingiu 29m78, na quarta-feira (16), marcando o novo recorde de enchente na Amazônia. É um desastre natural de enormes proporções. Há risco de a “cota 30″, que marca os 30 metros acima do nível do mar, paradigma de segurança nas construções próximas aos rios, ser superada nos próximos trinta dias. Aí o problema será ainda maior.
O cenário é inimaginável. As ruas do Centro histórico de Manaus inundadas, interditadas para o tráfego e recebendo carradas de cal, para evitar o odor provocado pelos esgotos inundados e as pragas urbanas. Perto de 50 dos 62 Municípios amazonenses foram seriamente atingidos, estão em estado de emergência, e dois, Barreirinha e Anamã, chegaram ao estado de calamidade pública.
O governo do estado providencia hospitais flutuantes para tentar atender à demanda provocada pelo surgimento de doenças de veiculação hídrica, enquanto famílias desabrigadas ocupam escolas e outros prédios públicos.
Fui ao ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, na véspera, em busca de indenização para as famílias cujas casas foram por água abaixo. Ele se mostrou sensível. Há disposição do governo da presidenta Dilma Rousseff em ajudar. Volto lá, na semana que vem, levando comigo a secretária de Infraestrutura do estado do Amazonas, Waldívia Alencar, para tentar iniciar um programa de alocação dessas pessoas em locais seguros. Minha ação está sendo combinada com o governador Omar Aziz.
A histórica grande cheia na Amazônia havia ocorrido em 1953, quando o rio atingiu 29m69. Depois, em 2009, esse recorde foi superado com 29m77. Transcorreram 56 anos. Agora, passados apenas três anos, a marca é superada em muito.
O ribeirinho é um homem solitário. Vive na Zona Rural. Planta aproveitando o húmus fertilizante da várzea e para que sua produção não fique distante do rio, única via de escoamento. Quando enche além do previsto – e nunca havia enchido como agora –, tudo se perde. Para completar, o peixe ganha um mar de água doce para se esconder e lá se vai a principal fonte de proteína dessa gente.
Empurrado para as sedes municipais, o caboclo leva consigo novas demandas às prefeituras, num estado onde eles rondam a insolvência toda vez que há o reajuste do salário mínimo e não conseguem pagar aos professores o novo, embora ainda minguado, salário base da educação.
Essa bola de neve vem rolando desde os altos rios, em municípios como Boca do Acre, Santa Isabel do Rio Negro, Benjamin Constant, Tabatinga, São Paulo de Olivença e outros, até atingir os médios e baixos rios, com as cidades mais populosas do interior, como Manacapuru, Itacoatiara e Parintins.
O normal é que o pior passe numa ponta, antes de chegar à outra. Este ano, porém, das duas cidades em estado de calamidade pública, um estágio mais grave que o estado de emergência, Anamã fica no Médio Solimões, enquanto Barreirinha fica na região do Baixo Amazonas, no paraná do Ramos, afluente do rio Amazonas. Ou seja, o problema está alastrado no território amazonense como raramente acontece.
Nosso povo sofre as agruras de representar a nação no maior reservatório de água doce do planeta. O Amazonas precisa de ajuda do Brasil. Urgente
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