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CPMI do Cachoeira já tem Plano de Trabalho



Brasília - Após quase 5 horas de debates, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as relações do contraventor Carlos Cachoeiras com parlamentares e grupos privados aprovou, nesta quarta (2), o plano de trabalho apresentado pelo relator, deputado Odair Cunha (PT-MG). Dos 36 membros, apenas três parlamentares votaram contra.

Cachoeira terá seus sigilos telefônicos, bancários e ficais quebrados a partir de 1º de janeiro de 2002 e será convocado a depor no próximo dia 15. O ex-diretor da construtora Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, no dia 29, e o senador Demóstenes Torres, no dia 31. Na semana que vem, prestarão depoimento os delegados e promotores envolvidos com as operações Vegas e Monte Carlo.

Apesar de serem unânimes ao elogiar o plano apresentado, os parlamentares discordaram em diversos pontos, a maioria deles detalhes. Mas o debate também esquentou, principalmente com a insistência da oposição de que o dono da Delta, Fernando Cavendish, fosse convocado imediatamente para depor. O relator, entretanto, foi taxativo. “Não faremos uma investigação seletiva. Nossa base é o inquérito da Polícia Federal (PF). E o que há no inquérito, até agora, é o envolvimento da Delta Centro-Oeste [no esquema de Cachoeira]. O resto são denúncias da imprensa. Eu respeito o trabalho da imprensa, mas não vamos pautar os trabalhos dessa CPMI pelas notícias dos jornais”, afirmou.

Cunha não descartou a possibilidade de convocar Cavendish no decorrer dos trabalhos, caso seja comprovada a necessidade. Como também os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) e outros sobre os quais recaiam suspeitas de participação no esquema de Cachoeira. Também foi aventada a possibilidade de convocação de jornalistas e empresários do setor da mídia que possam ter ligações com a quadrilha, no decorrer dos trabalhos.

Outro ponto de discórdia foi a aprovação ou não da convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. “Sua vinda aqui daria peso a Comissão, que iniciaria seus trabalhos ouvindo alguém que ofereceu a denúncia. E serviria para ele explicar porque o inquérito pernoitou anos e anos em sua gaveta sem que nenhuma providência fosse tomada”, defendeu o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL). “Não existe nenhum cidadão acima da investigação. Nem ministro do Supremo e nem presidente da República. O fato do procurador ter sentado nestas informações por três ou quatro anos não é correto. Ele deve uma explicação para a sociedade brasileira”, acrescentou o deputado Cândido Vacarezza (PT-SP).

Os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Taques (PDT-MT) alegaram que o procurador-geral não poderia prestar depoimento, sob pena de ficar impedido, posteriormente, de apresentar as denúncias contra os envolvidos no esquema. O presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), relatou que, mais cedo, ele e o relator haviam conversado com Gurgel, que levantou a questão do impedimento, mas não foi taxativo ao dizer que não iria prestar esclarecimentos à CPMI. “Vamos estudar melhor a questão e rediscuti-la na próxima reunião administrativa”, propôs.

Cobrados pelos colegas para liberar os documentos referentes às operações Vegas e Monte Carlos, que já foram disponibilizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), presidente e relator informaram que já estão discutindo com as duas casas uma forma de colocar a documentação à disposição dos parlamentares, garantindo a manutenção do sigilo dos documentos. Segundo Vital do Rêgo, a partir da semana que vem, serão marcadas sessões restritas para a leitura desses documentos.

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