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Tibério Alloggio escreve sobre a criação do Estado do Tapajós

Queremos um Estado do povo para o povo, representativo de toda a população do Oeste do Pará, nas suas diversas formas de organização cultural e composição demográfica.

 Tibério Alloggio.

A criação do Estado do Tapajós sempre foi um ponto central da pauta de reorganização territorial e administrativa da imensidade amazônica. Fruto da revolta de sua ocupação predatória, e com a “ausência do Estado” na região amazônica, a idéia do Estado do Tapajós é um projeto antigo, que tem percorrido toda a história da nossa região amazônica.

Uma região riquíssima e de tamanho continental, que abriga numerosos povos indígenas, comunidades tradicionais, Com a pobreza e a falta de desenvolvimento persistindo para a maioria da população. Por isso, a presença do Estado, ainda que seja como agente regulador, torna-se imprescindível. Ainda mais no Pará, que mesmo detentor da maior economia da Amazônia, é o Estado com os piores índices de desmatamento e de desenvolvimento humano da região norte.

Mais uma vez, comprovando a “ingovernabilidade” do seu enorme território, o que torna imprescindível a necessidade de sua redivisão territorial, com a criação de duas novas unidades federativas (Tapajós e Carajás).

O TAPAJÓS QUE QUEREMOS No Tapajós, o movimento de emancipação nasceu e cresceu sob três grandes pressupostos básicos: O isolamento geográfico; O abandono político; e as vantagens econômicas da emancipação, elementos esses, que sempre fizeram parte da retórica emancipacionista de diferentes gerações.

Se a “ausência do Estado” foi o motor do anseio popular para um novo Estado, precisamos agora do combustível que fortaleça a perspectiva de sua criação, acrescentando mais elementos ao nosso projeto político. 

Em primeiro lugar reafirmando a Identidade Comum de nossa população com seu território, que hoje representa um conjunto de 27 municípios, unidos pelo mesmo perfil, social, econômico e ambiental. Uma identidade social e cultural construída historicamente, que solidifica e unifica a região.

 Em segundo lugar, prezando para a Sustentabilidade Socioambiental da grande região oeste do Pará, uma das últimas fronteiras verdes, com uma significativa população nativa, mestiça e oriunda dos processos de colonização da região.

Uma sustentabilidade associada aos valores humanos, capaz de trilhar um novo modelo de desenvolvimento; ambientalmente sustentável no uso dos recursos naturais, na preservação da biodiversidade; socialmente justo na distribuição das riquezas e na redução da pobreza e das desigualdades sociais; que preserve valores, tradições, e as práticas culturais regionais.

 Um novo Estado, que deverá se basear nos princípios da democracia e da participação, acima dos interesses oligárquicos e de grupos políticos que historicamente vem dominando a política e o poder no Pará.

Um estado descentralizado, que não reproduza os vícios que tomaram o Pará e sua capital Belém, o centro monopolizador dos recursos públicos. Um Estado que deverá ser a negação de todos os malefícios e práticas políticas que historicamente foram os percalços para que o Tapajós não se desenvolvesse e o povo não fosse feliz.

Queremos um Estado do povo para o povo, representativo de toda a população do Oeste do Pará, nas suas diversas formas de organização cultural e composição demográfica. Um Estado presente, atuante, indutor de políticas que promovam a justiça e a equidade, em oposição a ausência do Estado na região.

Um projeto de Estado com dimensões menores, com a responsabilidade de formar novas lideranças para administrá-lo, sem o qual não superaremos o jogo de dominação que persiste nas regiões do Brasil e da Amazônia em particular. Enfim, temos o desafio de lutar pelo Estado do Tapajós sedimentado em valores modernos de democracia e sustentabilidade social, ambiental, econômica e cultural, que prisma pela “sustentabilidade” e não por um “crescimento” a qualquer custo.

Um projeto de reorganização territorial que sempre esteve no imaginário de toda a população do Oeste do Pará.

Comentários

  1. A EMANCIPAÇÃO DO ESTADO DO TAPAJÓS
    O POVO NÃO DEVE SER EGOISTA.

    Comentário:
    Anselmo Colares para o Tucuximy

    Professor doutor da UFOPA (Universidade Federal do Oeste do Pará)


    Com certeza, o Pará nunca mais será o mesmo.
    Seja qual for o resultado o Pará vai estar dividido.
    Melhor será se a divisão decorrer do SIM,
    pelo menos cada porção seguirá seu rumo,
    terá a chance de fazer a sua história,
    nas quais os governantes possam tomar decisões mais sintonizadas com as pessoas que se encontram mais próximas.
    Se o resultado for o não,
    aumentará o sentimento de superioridade que muitos belemenses demonstra ter com relação ao povo do interior,
    mocorongos,como eles costumam identificar aos demais.
    Ficará mais nítido o comportamento de colonizador que foi incorporado por essa parte da população que vê o “interiorano” com desprezo, preconceito e desdém.
    Por essas e outras questões, o Pará não será mais o mesmo.
    De minha parte, espero que o Pará fique ainda melhor,
    com seus governantes podendo dar a assistência que sua população merece e necessita,
    na medida em que fiquem mais próximos a ela,
    da mesma forma que espero possa acontecer o mesmo com o Estado do Tapajós e Carajás.
    Prefiro otimisticamente me inspirar nos fartos exemplos exitosos que a história nos apresenta,
    tanto no Brasil quanto em outras regiões do mundo.
    Grandeza não é sinônimo de tamanho.
    Há grandes pessoas com medidas modestas,
    há grandes países e até grandes municípios, bem menores que o Pará.
    Não justifica o receio de que a divisão enfraqueça, diminua.
    Pelo contrário, a divisão propicia crescimento.
    A divisão das células tornou possível a cada um de nós ser o que somos.
    A divisão é o símbolo da solidariedade.
    O seu contrário denota egoísmo.
    Pelas razões expostas, reafirmo,
    o Pará não será mais o mesmo após o 11 de dezembro,
    assim como o mundo não foi mais o mesmo após o 11 de setembro.
    Mas, ao contrário daquela data,
    que gerou destruição e morte,
    agora há uma nova possibilidade:
    esperança e nascimento.
    Somente o “SIM” carrega esta possibilidade.

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