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A festa de Parintins

Estamos na semana do Festival de Parintins. Milhares de brasileiros, de Manaus, do Amazonas e do País inteiro, correm para aquela pequena ilha, equidistante entre as maiores capitais do Norte, em busca do brilho e da alegria de Garantido e Caprichoso.

Muitos se indagam o que atraiu para lá grandes marcas, como a Coca-Cola e a Band? Eu diria, por esses anos de contato com a cidade e os que fazem a festa, que se trata de um caso de amor extremo e, sobretudo, fé no sucesso.

A transmissão via TV para todo o Brasil é uma forma eficiente de divulgar o Festival de Parintins, mas nada se compara ao tremor do Bumbódromo, quando a toada começa. Estou curiosa para saber como será ver David Assayag no Caprichoso, embora, me dizem os mais antigos, no caso dos bumbás é assim mesmo, sai um entra outro e a festa continua, sem perder o ritmo ou diminuir.

Andei sabendo de outro fenômeno, que é o processo eleitoral interno nos bumbás. Grupos e facções entram em combate. As eleições chegam a ser mais acirradas até que, muitas vezes, a própria disputa pela Prefeitura de Parintins. Este período, no entanto, às vésperas da apresentação no Festival, quem quiser realmente disputar o título, mesmo tendo construído a oposição mais ferrenha, precisa celebrar uma trégua e tratar de ajudar na preparação do bumbá.

A busca da vitória, portanto, mais até que a rivalidade com o “contrário”, é a mola impulsionadora do vermelho e do azul. Diria até que um encara qualquer coisa, na comparação com o outro, menos uma derrota acachapante – e não falo nem dos números dos jurados, mas do boca a boca, das conversas nos bares, da avaliação impiedosa e altamente gabaritada da própria população local.

Parintins é uma cidade fora do Festival e outra durante a festa. Não sei dizer qual a melhor, se aquela acolhedora e pacata, que chega a mimar os visitantes, no resto do ano, ou se a desta semana, animada, enfeitada, profissional, com mais visitantes que gente da terra. Será a do folclore ou a do Sírio de N.S. do Carmo? A de Garantido ou a do Caprichoso?

Por via das dúvidas, fico com as duas faces sempre rivais de Parintins. Ambas admiráveis, ambas completas. E vamos ao Festival.


Rebecca Garcia
Artigo publicado no jornal Diário do Amazonas

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