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Estudo investiga relação entre qualidade da água e incidência de doenças crônicas no Pará



Brasília – Estudo coordenado pelo geólogo da Universidade Federal do Pará (UFPA) Milton Matta, em parceria com o Centro de Medicina da universidade, pretende verificar a possível relação entre a água bebida pelos paraenses e a incidência de doenças crônicas no estado, como gastrite, úlcera estomacal e câncer no aparelho digestivo.
De acordo com o pesquisador, a suspeita se deve à acidez natural das águas na Amazônia, comprovada nos dados do Laboratório de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da universidade. Matta afirma que essa acidez está presente tanto na água tratada que sai das torneiras de Belém, como em amostras de quatro marcas de água mineral comercializadas no Pará.

“Para uma água ser potável, ela tem que ter pH entre 7 e 8,5 ou 9. Então, como essas águas têm 4, elas estariam fora da legislação. Portanto, elas não seriam nem águas potáveis de mesa.”

A qualidade da água para consumo é regulada no país pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

O superintendente do órgão em Belém, Every Aquino, descarta a hipótese de que a água bebida pelos paraenses não seja saudável. Segundo ele, a classificação química das águas minerais comercializadas no Pará e em todos os estados é feita em Brasília, depois da análise de amostras em laboratórios de alta precisão do Serviço Geológico do Brasil, no Rio de Janeiro.

Para o superintendente, o estudo confunde a população, uma vez que analisa amostras de água retiradas diretamente de fontes da região, antes de passar por correções químicas que são feitas na companhia de águas e nas empresas de água mineral.

“A amostra é coletada do poço, da captação. Então, ali, não tem adição de nenhum elemento químico, de nenhum sal mineral, de nada. O importante é que, na análise da água, quando você vai enquadrar nos parâmetros físicos, físico-químicos e químicos, ela possa ser classificada como mineral. As nossas águas daqui são enquadradas e classificadas por profissionais habilitados.”

Aquino diz ainda que o Código de Águas Minerais está sendo mal interpretado. Decretado em 1945, o código prevê que a água contenha “propriedades medicamentosas”. Ainda segundo ele, na Resolução 274 de 2005, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não consta que a água mineral precise ter ação terapêutica, mas, sim, a presença de alguns sais minerais.

O Ministério Público Federal no Pará pede na Justiça mudança em rótulos das garrafas de água potável que estão sendo vendidas como água mineral no estado. De acordo com o MPF, há diferença entre os dois tipos de água.

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