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Presidentes em defesa do socialismo

BELÉM (PA) - Os quatro mais polêmicos presidentes de repúblicas sul-americanas -Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Rafael Corrêa(Equador) e Fernando Lugo (Paraguai) – demonstraram, ontem, em um encontro com os movimentos sociais, presentes no Fórum Social Mundial (FSM), que estão cada vez mais confiantes no êxito de suas teses acerca da concepção do socialismo.

Ao participar do encontro “Diálogo Sobre a Integração da Nossa América”, realizado no ginásio da Universidade Estadual do Pará, disseram que a crise financeira internacional sepultou de vez a doutrina econômica do neoliberalismo. Para eles, este é o momento apropriado para a implementação de mudanças fundamentais nas relações sociais e econômicas no continente.

Chávez disse que o recém empossado presidente americano, Barack Omaba, teve um gesto positivo, ao determinar o fechamento das prisões americanas de Guantánamo, em Cuba, mas que isso só não é suficiente: Obama tem que devolver a Cuba o território usurpado pelos Estados Unidos. Chávez citou a decisão do Equador de não permitir mais a base americana em seu território, como demonstração de que os latino-americanos estão dispostos a resistir por mais “dez ou cem anos” à dominação dos EUA. Nenhuma vez Cháves pronunciou o nome do presidente anterior, George W. Bush. Referiu-se a ele apenas como “aquele cavelerito que sai pelas portas do fundo para a história”. “O que eu espero dele (Obama) é que respeite o povo venezuelano”, disse Chávez. “Estamos em compasso de espera, mas não tenho muita ilusão porque o império está intacto. Acabar com a prisão em Guantánamo foi um sinal, mas ele tem que devolver o território para Cuba”, insiste, acrescentando que gostaria de ver Bush nas barras de um tribunal para ser julgado como genocida.

O venezuelano aproveitou o slogan do FSM, “um outro mundo é possível” e disse “um outro mundo é necessário” e “umoutro mundo está nascendo na América do Sul e é como um bebê que temos que cuidar”. Para Chávez, que está em Belém pela segunda vez, o socialismo é a única alternativa para a humanidade.

O encontro fez parte da programação oficial do FSM. Deveria ter começado às 13h, mas sofreu muitos percalços no campo da organização e só pôde ser iniciado com mais de uma hora e meia de atraso. O último presidente a chegar e a falar foi Chávez. Ele, porém, demonstrou que é o que goza de mais prestígio entre os participantes do FSM. Uma vez na mesa, os presidentes assistiram uma apresentação teatral, encenada por movimentos sociais, e a um show de rap.

Foi a primeira vez que quatro presidentes se reuniram em separado com os movimentos sociais em todos os fóruns. Antes, os presidentes cantaram canções famosas em todos os países latino-americanos. As que mais empolgaram o público foram “Iolanda”, de Pablo Milanez, que ficou conhecida no Brasil com a versão feita por Chico Buarque, e “Hasta siempre Comandante”, do cubano Carlos Puebla, em homenagem a “Che” Guevara, cuja filha Aleida, estava entre os presentes.

Rafael Corrêa, presidente do Equador, foi o primeiro a discursar. Garantiu que estão em curso na América Latina profundas mudanças nas relações entre os governos e a sociedade. Para ele, países como o Brasil, depois do governo Collor de Mello, e o Peru, depois de Fujimore, passam a contar com governos progressistas, que buscam um sistema mais justo. “Esse processo, naturalmente, começou com o companheiro Hugo Chávez, em 1998, talvez seguindo exemplos de décadas atrás, dados por Fidel e Raul Castro”,

Ele defendeu a criação de uma moeda e um banco regionais para a América do Sul. “Não acreditamos em dogma, nem em fundamentalismo. Para cada doença, uma cura. Estamos vivendo um momento mágico, surgindo novos líderes e novos governos”, afirmou. (Diário do Pará)

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