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Manaus tem 10 aldeias indígenas

Elaíze Farias

O centro urbano de Manaus possui dez comunidades organizadas como aldeias indígenas. Dessas, cinco são formadas por grupos sateré-maué. Se as comunidades instaladas no entorno de Manaus também forem incluídas, o número de aldeias pode chegar a 30. Nesta forma de organização, as famílias fazem questão de manter e mostrar sua identidade étnica e reelaborar os hábitos, costumes e relações sociais como os praticados em suas aldeias de origem.

Segundo o pesquisador Glademir Sales dos Santos, essa realidade contradiz a idéia de que os índios que vivem na zona urbana são destribalizados. “A relação que eles mantêm asseguram as possibilidades de criar uma nova existência na cidade.”

A ainda pouca conhecida realidade de grupos indígenas que escolheram viver em Manaus integra o projeto Nova Cartografia Social da Amazônia. Desde que começou a ser realizado em Manaus, o projeto já lançou 22 fascículos contando a história de grupos com pouca visibilidade na sociedade. Um dos fascículos mais recentes é sobre a comunidade Y’apyrehyt, composta por famílias sateré-maué que vivem no bairro da Redenção. “A proposta do projeto é viabilizar a compreensão dos movimentos sociais da Amazônia e dos grupos que estavam no anonimato”, explica Santos.

Uma publicação mais abrangente do Nova Cartografia Social da Amazônia será lançada no próximo mês, com informações e depoimentos dos membros de todas as comunidades indígenas localizadas na capital do Amazonas. Segundo Santos, a presença organizada de indígenas em Manaus aponta um reordenamento sócio-cultural e uma continuidade da sua estrutura praticada nas aldeias de origem. “Essa realidade faz cair por terra a idéia de que os índios que vêm para a cidade desaparecem. Também vai de encontro ao discurso de uma sociedade homogênea”, explica.

Conforme Glademir, os indígenas na cidade “reinventam suas tradições” e mantêm suas identidades étnicas por meio de “sinais diacríticos” e elementos culturais como artesanato, pinturas e danças e a recuperação de sua genealogia e de sua história na cidade.

A grande diferença diante das aldeias mais “tradicionais” está na ausência de atenção do Poder Público às comunidades “urbanizadas”. Santos destaca que “o Poder Público não consegue enxergar” os fenômenos identidários da cidade. “A cidade sempre é vista pelo intelectual de gabinete. Esquecem os sujeitos sociais que estão nela.”

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