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Tarso diz que Cacciola será extraditado de Mônaco para o Brasil na próxima semana

RENATA GIRALDI da Folha Online, em Brasília

O ministro Tarso Genro (Justiça) disse que até o fim da próxima semana o ex-banqueiro Salvatore Cacciola deve ser extraditado de Mônaco para o Brasil. Tarso e o secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Jr., dão como certa apresentação de Cacciola à Justiça Federal no Rio de Janeiro em no máximo 15 dias.
O ministro e o secretário descartaram a possibilidade de um recurso da defesa do ex-banqueiro para impedir a extradição.
Tarso recebeu na manhã desta sexta-feira a confirmação de que o chefe do Poder Executivo de Mônaco, concordou com a extradição de Cacciola.
"[A extradição] É uma questão de responsabilidade pública. Isso representa três pontos: o prestígio que nossa Corte tem nos outros países, a questão da punidade e ainda um alento à sociedade", disse Tarso.
Segundo o ministro, o tratamento dispensado ao caso de Cacciola não foi diferenciado por ele ser ex-banqueiro mas por ser "um réu condenado". De acordo com Tarso, o governo brasileiro teria o mesmo procedimento se fosse outra pessoa.
Tuma Jr. afirmou que os detalhes da extradição de Cacciola estão preservados para impedir eventuais dificuldades. Segundo o secretário, além dos governos do Brasil, da França e de Mônaco, estão envolvidos no processo de extradição policiais federais e homens da Interpol.
O secretário disse também que o governo examina qual é a melhor alternativa para transportá-l:o por meio de um vôo comercial ou em uma aeronave da FAB (Força Aérea Brasileira).

Caso

O banco Marka quebrou com a desvalorização cambial de 1999. Mas contrariando o que ocorria no mercado, o Marka e o banco FonteCindam assumiram compromissos em dólar.
O banco de Cacciola, por exemplo, investiu na estabilidade do real e tinha 20 vezes seu patrimônio líquido comprometido em contratos de venda no mercado futuro de dólar.
O BC socorreu as duas instituições, vendendo dólares com cotação abaixo do mercado, tentando evitar que quebrassem. A justificativa para a ajuda oficial às duas instituições foi a possibilidade de a quebra provocar uma "crise sistêmica" no mercado financeiro.
Em 2005, a juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, condenou Salvatore Cacciola, à revelia, a 13 anos de prisão.
O então presidente do BC, Francisco Lopes, recebeu pena de dez anos em regime fechado e a diretora de Fiscalização do BC, Tereza Grossi, pegou seis anos. Os dois recorreram e respondem ao processo em liberdade.
Em 18 de setembro do ano passado, a juíza federal Simone Schreiber, da 5ª Vara Federal Criminal do Rio, determinou a prisão preventiva do ex-banqueiro. Na sentença, concedida a pedido do Ministério Público Federal, a juíza determina não só a expedição do mandado de prisão contra Cacciola, como manda informar o Ministério da Justiça do interesse na extradição do ex-banqueiro para o Brasil.

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