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Pai de jovem presa com homens diz que foi ameaçado pela polícia

Segundo ele, documento em que a garota tem 20 anos não existe.
De acordo com denúncia do Conselho Tutelar, ela tem 15 anos e sofreu abuso.
Luciana Rossetto
Do G1, em São Paulo
Aloísio da Silva Prestes, pai biológico da jovem que ficou presa com 20 homens em uma delegacia de Abaetetuba, negou nesta quinta-feira (22) que tenha apresentado uma certidão de nascimento da filha. Prestes disse ao G1 que policiais foram buscá-lo em casa, no município de Igarapé-Miri (PA), e fizeram ameaças.

O delegado geral em exercício da Polícia Civil do estado, Justiniano Alves, afirmou que policiais da delegacia onde ela ficou presa informaram que o pai biológico apresentou a certidão de nascimento em que consta que a jovem tem 20 anos.

Segundo denúncia do Conselho Tutelar, ela tem 15 anos, ficou presa pelo menos 20 dias e sofreu abuso sexual na prisão.

“Eles foram me buscar e uma pessoa se identificou como delegado. Queriam que eu desse a certidão da minha filha com a idade que eles queriam que ela tivesse, mas eu não tinha registro para dar. Eles falaram que, se eu não desse, podiam até mandar me prender”, afirma Prestes, que tem 42 anos e é separado da mãe da jovem. A garota foi criada pelo pai adotivo.

Segundo Prestes, ele foi levado até a delegacia de Abaetetuba. “O delegado me levou para prestar depoimento. Eles me mandaram dizer que ela tinha mais de 15 anos. Eu não iria fazer isso e nem é verdade”, diz. “Esse documento em que ela tem 20 anos não existe. Falaram que eu dei, mas eu não fiz isso. Eu estava sendo acuado”, diz.

O pai da menina afirmou que também foi obrigado a assinar um papel na delegacia. Ele disse que não sabe escrever e foi obrigado a colocar a impressão digital no papel.

Prestes garante que a jovem tem 15 anos e que o documento registrado no cartório de Barcarena (PA) pela mãe dela é o verdadeiro. Segundo ele, os rumores de que a família da garota teria um documento com idade adulterada para receber ajuda financeira de programas assistenciais do governo também são falsos. Ele afirma que a família não recebe ajuda.

“Ela disse que quer morar comigo, mas ainda não sei como fica isso. Se a gente resolver tudo e ela quiser, eu quero também. Não terá problema nenhum.”

Segundo Prestes, a família da jovem ainda não pensou em indenização e por enquanto espera que a Justiça seja feita. “Ainda não estou pensando nisso. Quero justiça. Uma situação dessa não pode ficar assim”.

Procurada pela reportagem do G1, a assessoria de imprensa da Corregedoria da Polícia Civil do Pará informou que o órgão não vai se manifestar sobre as denúncias até o fim das investigações. A Corregedoria garante que todas as declarações feitas pelo pai biológico da menina serão apuradas e os acusados também serão ouvidos. Os policiais envolvidos no caso devem ser chamados para prestar esclarecimentos até a próxima segunda-feira (26).

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