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Ribeirinhos transformam riquezas da Amazônia em fonte de renda

Empresa comunitária tem contrato com a Natura e já vende frascos do óleo no varejo manauara a R$ 30 

Carauari - A visão empreendedora de ribeirinhos está transformando a realidade da comunidade do Bauana, situada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uacari, no município de Carauari, distante mil quilômetros de Manaus. Com a Empresa de Base Comunitária (EBC), não só a cadeia produtiva de óleos vegetais da região foi fortalecida como dali nasceu um produto que tem a marca da comunidade: o óleo de andiroba “Menino dos Óleos”.

O produto vem num frasco de 30 mililitros com o óleo da andirobeira, que possui um poderoso ativo capaz de restaurar e equilibrar os mecanismos de defesa da pele. Além disso, a andiroba tem efeito anti-inflamatório e o seu extrato pode ser usado para fins cosméticos e como óleo massageador. O frasco chegou ao varejo manauara no final de 2019 ao preço de R$30. #natura

O poderoso óleo de andiroba | Foto: Dirce Quintino/FAS

“Pensamos em colocar direto no mercado consumidor já que vendíamos apenas o óleo in natura”, conta um dos empresários da EBC Bauana, Reginaldo Oliveira. A empresa já processa há três anos óleos vegetais de sementes colhidas por famílias extrativistas em 32 comunidades da região, chegando a produção anual de 4 toneladas. O sistema é apoiado pela incubadora da Fundação Amazonas Sustentável (FAS).

“Para 2020, fechamos contrato com a Natura e vamos processar 22 toneladas de amêndoas, o que renderá 13 toneladas do produto acabado. O faturamento será de R$325 mil. Esse recurso volta para os coletores na próxima safra, e esperamos que gere mais renda e aumente o capital de giro da EBC”, explica Reginaldo.

No contrato com a gigante de cosméticos, o quilo do óleo de andiroba foi negociado a R$ 25. Já para o mercado varejista, o frasco “Menino dos Óleos” é comercializado a R$30 e pode ser encontrado na sede da FAS em Manaus.

Empresa já funciona há três anos na região do Médio Juruá | Foto: Dirce Quintino/FAS

Cadeia produtiva

Para garantir a qualidade do produto final, cada passo da produção é monitorado de perto pela EBC. O processo começa na colheita das sementes, que são transportadas para a unidade de beneficiamento. Lá, passam por secagem, trituração e aquecimento, que libera o óleo da andiroba. Em seguida, vem a prensagem e a filtragem, que culminam no envasamento em recipientes de 30 quilos, prontos para transporte.

Cerca de 60 famílias localizadas na RDS Uacari e também na Reserva Extrativista do Médio-Juruá são beneficiadas nesse processo. Anualmente, a unidade de beneficiamento fatura R$ 96 mil por ano, mas o contrato com a Natura aumentará esse número.

“Os principais pontos da EBC são valorizar a cadeia de óleos vegetais do Médio Juruá e gerar renda para os coletores que fornecem a matéria-prima para nós”, afirma o empresário. “Outro ponto forte é nosso impacto na preservação da floresta, já que usufruímos apenas das sementes e não das árvores”, ressalta.

Famílias extrativistas são beneficiadas com cadeia produtiva fortalecida | Foto: Dirce Quintino/FAS

Empreendedorismo na comunidade

A FAS acompanha o projeto da EBC Bauana desde 2016, conforme relata o coordenador de Empreendedorismo e Negócios Sustentáveis da Fundação, Wildney Mourão. “Temos uma incubadora que ajuda no desenvolvimento do negócio. Toda a parte de capacitação técnica, mentoria, plano de negócios, acesso ao mercado, gestão de processo produtivo, compra e produção, nós acompanhamos de perto, captando recursos via editais para que possam ter equipamentos”, explica.

No caso do produto “Menino dos Óleos”, a FAS teve envolvimento direto da criação da marca ao desenvolvimento do produto. “Fizemos uma parceria com a Pharmakos que ajudou no envasamento, conectando a EBC à indústria de cosméticos” ressalta o coordenador.

Segundo Wildney, a assessoria da FAS deve perdurar por mais cinco anos, até que a EBC ganhe maturidade e autonomia para se sustentar sozinha. “Empreender na Amazônia é um desafio, sobretudo nas comunidades onde questões como energia elétrica, logística e comunicação são fatores impeditivos. Por isso a assessoria é importante nessa fase inicial”, afirma.


( Com informação do Portal EmTempo )
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