Um mês após a tragédia, ainda há famílias morando em abrigo e sem receber o auxílio aluguel, que não cobre 100% os preços cobrados pelos locadores
Enquanto as famílias que, por pouco, não tiveram suas casas totalmente destruídas pelo incêndio no bairro Educados, na Zona Sul de Manaus, em dezembro de 2018, tentam voltar a rotina, embora ainda não tenham concluído as obras de emergência que tiveram que fazer, aquelas que perderam tudo continuam praticamente sem nada. Algumas seguem em abrigos, outras moram de aluguel, tendo que completar o valor pago ao locador, visto que o auxílio dado pela prefeitura não é suficiente. Diante isso, a vontade que elas têm é a de poder retornar e reconstruir suas moradias, devastadas pelo fogo há exatamente um mês.“Se liberasse o lugar, eu ia construir minha casa. Tenho um amigo que trabalha com construção e ele já disse que me ajuda. Não ia esperar pelo governo ou prefeitura. Não ia mesmo”, afirmou o técnico em eletrônica de alto-falantes Valdeci Ferreira de Souza, 57. Ele integra uma das cercas de 735 famílias, de acordo com dados da prefeitura, vítimas do incêndio, que foi considerado um dos maiores do Amazonas.
Prefeitura só limpará a área após conclusão da perícia no local, que nem foi interditado. (Foto: Márcio Silva)
A dona de casa Sheila Menezes, 49, também quer retonar para o lugar onde morava com a família. Os motivos vão desde a dificuldade de pagar aluguel à importância que a área tem em sua vida. “Faz um mês que a gente está sofrendo. Só nós sabemos o que estamos passando. Eu quero voltar. Toda a minha história está aqui. Vivi a vida toda nesse local”, afirmou nesta quarta-feira (16) ao A Crítica, ao visitar a região incendiada.
Sheila conta que a casa onde vivia tinha dois andares. Em cima morava sua mãe, uma irmã e os sobrinhos. Embaixo, ela com o marido, a filha e os netos. Até o momento, apenas a mãe dela recebeu o “Auxílio Aluguel”, no valor de R$ 300, concedido pela prefeitura. Ela não recebeu nada ainda. “Moramos 20 dias na casa de parentes. Agora, como as aulas das crianças estão para começar, voltamos e estamos pagando aluguel com dinheiro do nosso próprio bolso”, comentou.
Em meio aos escombros, recordações de uma vida inteira ali (Foto: Márcio Silva)
O eletricista Adaiton de Souza, 48, já recebeu o “Auxílio Aluguel”, mas relata que tem que completar com R$ 200 o valor pago pela casa onde está com a família. “Eles dão R$ 300, mas aqui nem um quartinho na beira do igarapé é desse valor. Só há promessas. Tem donativos. Mas não dar para viver só de rancho, a gente precisa de moradia”, declarou.
Enquanto as famílias que perderam tudo no incêndio esperam por uma solução definitiva, as que tiveram parte de suas casas destruídas, mas não interditadas pela Defesa Civil de Manaus, estão fazendo os últimos reparos. É o caso do comerciante Jones Dourado, 44. “Só gasto. Já gastamos mais de R$ 5 mil na reforma. Queremos terminar até sábado. A mamãe não aguenta mais. Quer vir logo”, contou, destacando que ele ficou sozinho na residência nesse período.
E a limpeza?
A Prefeitura de Manaus informou que o prazo final para conclusão do laudo sobre as causas do incêndio é até o fim deste mês. Apenas após essa conclusão é que as ações de limpeza na área serão programadas. Com a subida do rio Negro, a tendência é que a área fique alagada nas próximas semanas.
E o auxílio?
Quanto aos benefícios concedidos às vítimas do incêndio, conforme a prefeitura, das 841 famílias que se apresentaram para cadastramento, 74 tiveram seus cadastros invalidados, por apresentarem inconsistência nas informações fornecidas, e 735 famílias foram consideradas aptas e 546 já receberam a ordem de pagamento do “Auxílio Aluguel”.
( Com informações da Critica do Amazonas )
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