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30 anos sem Drummond: que tal tirar 1 minuto do seu dia para ler um poema?

Entre o nascimento (1902) em Itabira (MG) e a morte no Rio de Janeiro (1987) – exatamente nesse espaço e tempo – Carlos Drummond de Andrade, poeta, jornalista e funcionário público enfrentou duas guerras mundiais, ao menos duas ditaduras fascistas tupiniquins, entre outros pesadelos bastante reais, sem perder a ternura jamais.

Drummond, pode-se dizer, descobre, de dentro da sua geração, uma humanidade confrontada com a “humanimaldade” (para honrar também a memória do estadunidense e. e. cummings – 1894-1962) do mundo e cria sua própria presença dentro do modernismo brasileiro e da literatura de língua portuguesa de qualquer continente. Impossível livrar-se da impressão poética de Drummond, para alguém que tenha ambição literária.


Carlos Drummond de Andrade forma, na melhor tradição da poesia produzida no Brasil (sim, porque existe essa tradição, que se renova a cada necessidade): Sousândrade, Oswald de Andrade, João Cabral de melo Neto, entre outros poucos que a memória e calor do momento deixa escapar.

Morto há 30 anos (cara, quem mais está vivo nesse universo exíguo da poesia? Mais uma vez, o calor da hora detona a memória), em um 17 de agosto, Drummond e sua implicância com Itabira faz falta na produção de poesia decente no Brasil. Falta a sua sinceridade na poesia de hoje, porque está difícil ser sincero, mas esse é o desafio da poesia. Ninguém se arrisca. O panorama continua como cantado na “Rosa do Povo” (1943-1945): “Este é tempo de partido, tempo de homens partidos […] Mas eu não sou as coisas e me revolto”.

Aldisio Filgueiras

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