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Nova chacina em Belém: 10 mortos em 4 horas

Após 48 horas das 10 execuções, a polícia ainda não conseguiu elucidar nenhum dos crimes, como ocorreu na chacina de janeiro deste ano.

(Foto: Wagner Almeida/Diário do Pará)

Apenas dois meses depois da execução de 32 pessoas na Região Metropolitana de Belém, uma nova chacina entra para as estatísticas da segurança pública. Em apenas 4 horas, 10 pessoas foram assassinadas com evidência de execução por milícias na noite de terça-feira (4). Somadas aos 32 homicídios nos dois dias após a morte do soldado PM Rafael Costa, em 20 de janeiro deste ano, já são 42 pessoas executadas na Grande Belém este ano.

A série de execuções aconteceu entre as 19h50 e as 23h55 de terça-feira (4), segundo nota oficial emitida pela Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup). O retrato do banho de sangue foi de 7 mortos em Ananindeua; 2 em Belém; e 1 no distrito de Icoaraci (leia detalhes de cada crime a partir da página 2 do Caderno de Polícia).

Como na última chacina, até agora os autores dos crimes não foram identificados e presos. Restou às famílias chorar seus mortos e fazer o reconhecimento de seus dos corpos. Entre os mortos em Ananindeua, um estudante de 18 anos que ainda usava o uniforme escolar quando foi atingido por 10 tiros à queima-roupa. Joel Alaf Melo foi morto na 2ª rua urbana, depois de sair da Escola Maria Emilia, onde cursava o 2°ano do Ensino Médio, localizada na primeira rua rural do Distrito Industrial.

O pai do rapaz, o autônomo José Jerônimo Melo, de 38 anos, estava desolado. “Foi uma injustiça o que aconteceu. Meu filho estudava, acordava cedo para trabalhar na feira e tinha o sonho de servir ao Exército”, conta o pai do jovem. Fica agora a indignação dos familiares. “Se fosse filho de um político ou de alguém importante, a polícia não ia parar até conseguir achar os culpados, mas como era só um estudante, ninguém foi encontrado”, indigna-se José.

MEDO

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado Carlos Bordalo, que ontem denunciou em plenário que está ameaçado de morte (veja box) comentou as execuções sumárias ocorridas na noite da última terça-feira, 4. “Só num caso, no bairro do Curuçambá, 3 motos com 6 milicianos fortemente armados, invadiram um bar e mataram quem eles quiseram. E as pessoas não tiveram nem coragem de olhar diretamente para aqueles homens encapuzados. De medo. Imagina o que não pode acontecer comigo ou com outro cidadão?”, questionou.

Sociólogo e doutor em Planejamento do Desenvolvimento, o especialista em Segurança Pública Wando Miranda afirma que é preocupante o fato de que não existe um protocolo de ações por parte da Segurança Pública do Estado a partir de um fato que possa desencadear uma chacina.

O especialista avalia ainda que é preciso aprimorar o sistema de investigação de assassinatos ocorridos em “chacinas”, até mesmo para que se saiba, de fato, o que é reação e o que é a “desculpa” de um grupo de extermínio para eliminar outro rival. “Fica a impressão de que o Estado não tem controle, age de forma reativa”, lamenta.

(Diário do Pará)

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