Um milagre aconteceu em um hospital da região metropolitana de Curitiba,
no Paraná. Essa foi a definição dos médicos que tornaram possível que
uma mãe pudesse dar à luz gêmeos 123 dias após ter morte cerebral por um
acidente vascular.
Os pais de Frankielen dizem que o nascimento dos bebês é simbólico, porque Frankielen sofreu um aborto espontâneo em sua primeira gravidez – Reprodução/Facebook
Aos 21 anos e já mãe de uma menina, Frankielen Zampoli teve um sangramento cerebral em 17 de outubro de 2016. Ela estava na nona semana de gestação de um casal de gêmeos. Três dias depois de ser internada, a equipe médica constatou que o cérebro dela havia parado de funcionar. O coração dos bebês, porém, continuava batendo.
Pela lei, o hospital é obrigado a continuar com o desenvolvimento da gestação. A situação, porém, torna a internação mais complexa: é necessário simular artificialmente todas as condições de uma gravidez normal, por meio de remédios e máquinas.
O acompanhamento durante 24 horas por dia foi preciso para garantir que Frankielen mantivesse pressão, ventilação e nutrição dos bebês. Todos os procedimentos foram realizado via Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital Nossa Senhora do Rocio, em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba.
Uma cesárea de emergência teve que ser feita na madrugada do último domingo. Os bebês nasceram prematuros, pouco antes da sétimo mês de gestação, mas saudáveis. Anna Vitória nasceu com 1,4 kg e Azaphe, com 1,3 kg. Eles estão internados na UTI Neonatal com cerca de 70% de chances de sobreviver sem sequelas.
“Quando chegaram, a chance de vida era perto de zero. Eles ainda têm uma batalha pela frente, mas nos dão motivação para continuar lutando pra ver eles crescerem bem e com saúde”, diz Flávio Costa Leite, chefe da obstetrícia, que acompanhou o caso.
Depois do parto, os órgãos de Frankielen foram doados. A doação era uma vontade dela, que chegou a ser registrada em cartório. Foram captados dez órgãos diferentes, como coração, rins e córneas.
Os pais de Frankielen dizem que o nascimento dos bebês é simbólico, porque Frankielen sofreu um aborto espontâneo em sua primeira gravidez e depois tentou engravidar por quatro anos, sem sucesso. “A gente acredita que a vontade dela de ter esses filhos era tão grande que ela superou a morte pra que eles vivessem”, diz a mãe, Angela Maria Souza da Silva.
Muriel Padilha, o pai dos bebês, carrega no peito um colar com um grande coração vermelho pendurado. Para ele, é o símbolo do coração da esposa. Ele conta que não tira o objeto nem pra dormir. Durante o período na UTI, Muriel deixava uma réplica do colar na cabeça dela, com a esperança de que ela voltasse a viver.
“A Fran salvou a minha vida também. Todo mundo sempre tá estressado, mas ela era diferente, nunca esquentava a cabeça. Podia a pia estar transbordando e ela com um sorriso no rosto. Ela me amarrou, me fez ter foco e fé. E agora deixa essa inspiração pra todo mundo ver. Olha quanta vida ela deixou”, diz Muriel, emocionado.
Agora, ele e os avós maternos devem dividir os cuidados das crianças. A família mora em uma casa de apenas dois cômodos na região rural de Contenda, a 37 quilômetros de Curitiba. Amigos e conhecidos já se mobilizam para arrecadar fraldas e mantimentos para os bebês.
Na manhã desta quarta (23), um dia após o velório de Frankielen, mais de 20 profissionais do hospital que acompanharam o caso nesses quatro meses deram as mãos em uma roda. Muriel e os pais de Frankielen ficaram no meio. Eles rezaram, agradeceram e choraram. Por fim, se abraçaram.
“Obrigado, obrigado”, repetia Muriel. “Nós que agradecemos a Fran”, disse uma enfermeira, com lágrimas nos olhos.
Amanda Audi
Folhapress
Os pais de Frankielen dizem que o nascimento dos bebês é simbólico, porque Frankielen sofreu um aborto espontâneo em sua primeira gravidez – Reprodução/Facebook
Aos 21 anos e já mãe de uma menina, Frankielen Zampoli teve um sangramento cerebral em 17 de outubro de 2016. Ela estava na nona semana de gestação de um casal de gêmeos. Três dias depois de ser internada, a equipe médica constatou que o cérebro dela havia parado de funcionar. O coração dos bebês, porém, continuava batendo.
Pela lei, o hospital é obrigado a continuar com o desenvolvimento da gestação. A situação, porém, torna a internação mais complexa: é necessário simular artificialmente todas as condições de uma gravidez normal, por meio de remédios e máquinas.
O acompanhamento durante 24 horas por dia foi preciso para garantir que Frankielen mantivesse pressão, ventilação e nutrição dos bebês. Todos os procedimentos foram realizado via Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital Nossa Senhora do Rocio, em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba.
Uma cesárea de emergência teve que ser feita na madrugada do último domingo. Os bebês nasceram prematuros, pouco antes da sétimo mês de gestação, mas saudáveis. Anna Vitória nasceu com 1,4 kg e Azaphe, com 1,3 kg. Eles estão internados na UTI Neonatal com cerca de 70% de chances de sobreviver sem sequelas.
“Quando chegaram, a chance de vida era perto de zero. Eles ainda têm uma batalha pela frente, mas nos dão motivação para continuar lutando pra ver eles crescerem bem e com saúde”, diz Flávio Costa Leite, chefe da obstetrícia, que acompanhou o caso.
Depois do parto, os órgãos de Frankielen foram doados. A doação era uma vontade dela, que chegou a ser registrada em cartório. Foram captados dez órgãos diferentes, como coração, rins e córneas.
Os pais de Frankielen dizem que o nascimento dos bebês é simbólico, porque Frankielen sofreu um aborto espontâneo em sua primeira gravidez e depois tentou engravidar por quatro anos, sem sucesso. “A gente acredita que a vontade dela de ter esses filhos era tão grande que ela superou a morte pra que eles vivessem”, diz a mãe, Angela Maria Souza da Silva.
Muriel Padilha, o pai dos bebês, carrega no peito um colar com um grande coração vermelho pendurado. Para ele, é o símbolo do coração da esposa. Ele conta que não tira o objeto nem pra dormir. Durante o período na UTI, Muriel deixava uma réplica do colar na cabeça dela, com a esperança de que ela voltasse a viver.
“A Fran salvou a minha vida também. Todo mundo sempre tá estressado, mas ela era diferente, nunca esquentava a cabeça. Podia a pia estar transbordando e ela com um sorriso no rosto. Ela me amarrou, me fez ter foco e fé. E agora deixa essa inspiração pra todo mundo ver. Olha quanta vida ela deixou”, diz Muriel, emocionado.
Agora, ele e os avós maternos devem dividir os cuidados das crianças. A família mora em uma casa de apenas dois cômodos na região rural de Contenda, a 37 quilômetros de Curitiba. Amigos e conhecidos já se mobilizam para arrecadar fraldas e mantimentos para os bebês.
Na manhã desta quarta (23), um dia após o velório de Frankielen, mais de 20 profissionais do hospital que acompanharam o caso nesses quatro meses deram as mãos em uma roda. Muriel e os pais de Frankielen ficaram no meio. Eles rezaram, agradeceram e choraram. Por fim, se abraçaram.
“Obrigado, obrigado”, repetia Muriel. “Nós que agradecemos a Fran”, disse uma enfermeira, com lágrimas nos olhos.
Amanda Audi
Folhapress
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