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Lula debita a Dilma Rousseff a maior parcela da conta.

Restringir a Dilma o fardo da desgraça seria injusto, portanto, Lula reparte a gênese: 30% da culpa seria dele e do PT, e 70% de Dilma.

Conversa ribeira





Ressentido com “correligionários”, dentre eles ministros do STF que pugnou por nomear, Lula, segundo interlocutores privilegiados, se tem revelado um pote até aqui de mágoas em conversar reservadas.

Dentre os responsáveis pela crise que apeou o PT do poder, Lula debita a Dilma Rousseff a maior parcela da conta. Segundo ele, ela “perdeu o controle da economia, a sustentação no Congresso e o apoio dos empresários”.

Restringir a Dilma o fardo da desgraça seria injusto, portanto, Lula reparte a gênese: 30% da culpa seria dele e do PT, e 70% de Dilma.

Na parte que lhes cabe nesse latifúndio, a asserção de Lula é razoável, mas discordo das frações declamadas e inverto os percentuais: 70% da crise foi gestada nos oito anos de Lula, que surfou uma onda de desenvolvimentismo de algibeira, sem fincar, em bases sólidas, o alicerce da estabilidade econômica.

Sempre opinei que a prática macroeconômica do lulo-petismo emitia cheques sem fundos para mobiliar um castelo que se construía sobre areia, e quando o inverno chegasse, e junto com ele o cobrador batesse à porta, desditado seria aquele que viesse atender o senhorio.

E quem era a locatária quando a conta chegou? Dilma Rousseff, que nos quatro primeiros anos do seu governo, aliás, continuou com a mesma política econômica suicida dos oito anos antes dela, com um componente que lhe foi a desdita: a criatura não tinha o mesmo traquejo político do criador.

Lula usou como interface monetária a elite financeira, que lhe deu sustentação cinética para pedalar as deficiências orçamentárias. Teve como excipiente a classe política, que foi fatiada em nichos, dentre eles os que recebiam moedas, o que desembocou no malsinado Mensalão: uma metodologia de cooptação que não podia ter final diferente daquele no qual acabou.

Dilma Rousseff foi vítima de uma série de equívocos e, por incrível que possa parecer, caiu mais pela sua aversão ao avacalhado presidencialismo de coalisão que grassa no Brasil nesta Nova República - a sexta na linha de tempo da nossa história – e muito menos pela sua total incapacidade de manejar os caprichos que compõem a classe política nacional, quase toda ela forjada na esteira do estruturalismo patrimonial.

Dilma Rousseff, independentemente da sua parcela de cometimento naquilo que nos autos agora consta, do ponto de vista estritamente político, poderá vir a ser julgada pela história como a presidente que caiu pelo que desejava fazer de certo e não pelo que fez de errado.

E é exatamente aí que recai aqueles 70% de culpa que deposito em Lula e no PT, pois quando Dilma, no início do seu segundo mandato, tentou acertar as contas com o Brasil, tanto Lula quanto o PT lhe negaram apoio e conspiraram contra ela. Só lhes foram ao socorro quando sentiram que cairiam com ela, mas aí a Inês já estava morta.

Parsifal Pontes 

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