Não é a primeira vez que o ex-diretor faz denúncias referentes ao PSDB. Ele já havia afirmado que Sérgio Guerra, ex-presidente do partido, morto em 2014, recebera propina para que não houvesse CPI da Petrobras, em 2009. No depoimento de hoje, Costa afirma que os R$10 milhões recebidos por Guerra foram pagos pela empreiteira Queiroz Galvão. O acerto teria sido negociado em um encontro entre Costa e Guerra em um hotel na Barra da Tijuca, no Rio. Na reunião, marcada pelo deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), Guerra teria determinado o valor da propina que gostaria de receber para impedir as investigações no Congresso.
Segundo Paulo Roberto Costa, dinheiro começou a ser distribuído a partir de 2007
POR RENATO ONOFRE, GERMANO OLIVEIRA E MARIANA SANCHES
CURITIBA - Em novo depoimento prestado ao longo desta terça-feira à Justiça Federal, o ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou que parte dos recursos desviados da Diretoria de Abastecimento foram destinados ao PSDB, ao PT e ao PMDB. De acordo com o delator, esses repasses foram feitos a partir de 2007, quando outros partidos, além do PP, passaram a ter ingerência sobre a área de abastecimento.
— Houve direcionamento pontual para o PSDB, para o PT e para o PMDB. Eu fiquei muito doente no final de 2006, em uma situação extremamente precária de saúde, e nesse período houve uma briga política muito grande para colocar uma outra pessoa no meu lugar — afirmou Costa na delação.
Não é a primeira vez que o ex-diretor faz denúncias referentes ao PSDB. Ele já havia afirmado que Sérgio Guerra, ex-presidente do partido, morto em 2014, recebera propina para que não houvesse CPI da Petrobras, em 2009. No depoimento de hoje, Costa afirma que os R$10 milhões recebidos por Guerra foram pagos pela empreiteira Queiroz Galvão. O acerto teria sido negociado em um encontro entre Costa e Guerra em um hotel na Barra da Tijuca, no Rio. Na reunião, marcada pelo deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), Guerra teria determinado o valor da propina que gostaria de receber para impedir as investigações no Congresso.
— Fui procurado em 2009 ou 2010 pelo senador Sérgio Guerra, numa reunião no Rio, marcada pelo deputado Eduardo da Fonte. Para minha surpresa, quando cheguei lá, estava o senador. Do encontro resultaram duas ou três reuniões num hotel na Barra da Tijuca. O Senador pediu que se repassasse para ele um valor de R$ 10 milhões para que não ocorresse CPI da Petrobras nesse período. Depois da terceira reunião fiz contato com a Queiroz Galvão, que honrou o compromisso. Foi pago R$ 10 milhões para o senador nesse período — afirmou Costa.
Ao longo de mais de seis horas de depoimento, Costa reafirmou que a maior parte das propinas pagas pela construtoras em obras comandadas pela área de Abastecimento eram endereçadas ao PP por meio de um esquema capitaneado pelo ex-deputado José Janene e pelo doleiro Alberto Youssef. Disse ainda que, depois da morte de Janene, em 2010, um terceiro operador, indicado pelo grupo político majoritário do PP, passou a compor o esquema.
Costa explicou que, entre 2006 e 2007, foi procurado pelo presidente da UTC, Ricardo Pessoa, e por dois executivos da Odebrecht, Marcio Faria e Rogério Araújo. Os empresários lhe propuseram que as grandes empreiteiras passassem a ter "exclusividade" na execução das obras da Petrobras em troca de propina. Participavam do esquema as empresas do grupo A do cadastro da Petrobras: Odebrecht, UTC, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Galvão Engenharia, OAS, Engevix, Camargo Corrêa, Mendes Junior e Techint, entre outras. A conversa teria sido a origem do "Clube das Empreiteiras", cartel formado pelas maiores construtoras do país e que ganhou mais de R$ 80 bilhões em licitações nos últimos 10 anos.
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— O objetivo era que não houvesse empresas convidadas para as licitações de empresas que não fossem desse grupo. Eu ajudava as empresas que participavam do cartel dentro da Petrobras. Por meio do deputado José Janene (PP-PR) e do deputado Pedro Correia (PP-PE) ficou acertado que seria destinado 1% dos contratos da área de Abastecimento para os entes políticos. Esse valor era médio. Tivemos algumas licitações com valores um pouco menores. A maioria das empresas do cartel era 1%.
O acordo teria vigorado até 2010, quando Costa tomou a iniciativa de rompê-lo e chamar outras empresas para participar das licitações. E qualificou a corrupção na área em que dirigia de “a ponta do iceberg”, já que os maiores desvios estariam nas diretorias de Expansão e Óleo e Gás.
O ex-diretor disse que todo o dinheiro depositado em contas na Suíça em seu nome veio da Odebrecht. De acordo com as investigações, ele recebeu US$ 31,5 milhões em propina da construtora entre os anos de 2012 e 2013 em quatro momentos diferentes.
Paulo Roberto Costa confirmou que parte dos R$ 2,875 milhões que recebeu da Camargo Corrêa de outubro de 2012 a dezembro de 2013 a titulo de consultoria, na verdade o dinheiro se referia a atrasados de propinas do tempo em que era diretor de Abastecimento da Petrobras, antes de 2012, quando deixou o cargo. O acerto de propinas foi feito com Eduardo Leite, vice-presidente da Camargo Corrêa, segundo Costa.
— Aliás meus contatos não licitos dentro da Camargo Corrêa eram feitos com o Eduardo Leite, embora eu falasse também com o presidente da companhia, o Dalton Avancini — explicou o ex-diretor da Petrobras.
Além esse contrato, sua empresa, a Costa Global, fechou outro de consultoria, desta vez com a Engevix, para "acertar propinas pendentes". Assim, de julho de 2013 a dezembro de 2013, a Engevix lhe pagou R$ 295 mil.
— Esse foi mais um contrato fictício para acertar pendências do passado. Acertei os detalhes com o Gerson Almada (diretor da Engevix) — afirmou Paulo Roberto Costa ao juiz Moro.
Ele afirmou que houve pagamento de propinas para a construção da Refinaria Repar, no Paraná, com consório da Camargo Corrêa e Promon. "Meus contatos para o acerto de propina eram sempre com a Camargo Corrêa". Na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, ele garantiu que também houve pagamento de propina, o mesmo acontecendo nas obras do Comperj, no Rio de Janeiro, cujo consórcio TUC era formado pela UTC, Toyo Setal e Odebrecht.
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— Os operadores desse consórcio se acertaram com o Alberto Youssef para o pagamento das propinas. Eu não participei dessas negociações.
Segundo Costa, em todos os contratos envolvendo as empresas do cartel "não houve nenhum que não houvesse pagamento de propina. Mas eu não tinha detalhes de todos os contratos. Quem fazia o controle era o Alberto Youssef (doleiro)”.
Costa disse que se não houvesse cartel, os preços das obras na Petrobras poderiam custar pelo menos 3% a menos do que custavam com o "clube das empreiteiras"
POR RENATO ONOFRE, GERMANO OLIVEIRA E MARIANA SANCHES
CURITIBA - Em novo depoimento prestado ao longo desta terça-feira à Justiça Federal, o ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou que parte dos recursos desviados da Diretoria de Abastecimento foram destinados ao PSDB, ao PT e ao PMDB. De acordo com o delator, esses repasses foram feitos a partir de 2007, quando outros partidos, além do PP, passaram a ter ingerência sobre a área de abastecimento.
— Houve direcionamento pontual para o PSDB, para o PT e para o PMDB. Eu fiquei muito doente no final de 2006, em uma situação extremamente precária de saúde, e nesse período houve uma briga política muito grande para colocar uma outra pessoa no meu lugar — afirmou Costa na delação.
Não é a primeira vez que o ex-diretor faz denúncias referentes ao PSDB. Ele já havia afirmado que Sérgio Guerra, ex-presidente do partido, morto em 2014, recebera propina para que não houvesse CPI da Petrobras, em 2009. No depoimento de hoje, Costa afirma que os R$10 milhões recebidos por Guerra foram pagos pela empreiteira Queiroz Galvão. O acerto teria sido negociado em um encontro entre Costa e Guerra em um hotel na Barra da Tijuca, no Rio. Na reunião, marcada pelo deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), Guerra teria determinado o valor da propina que gostaria de receber para impedir as investigações no Congresso.
— Fui procurado em 2009 ou 2010 pelo senador Sérgio Guerra, numa reunião no Rio, marcada pelo deputado Eduardo da Fonte. Para minha surpresa, quando cheguei lá, estava o senador. Do encontro resultaram duas ou três reuniões num hotel na Barra da Tijuca. O Senador pediu que se repassasse para ele um valor de R$ 10 milhões para que não ocorresse CPI da Petrobras nesse período. Depois da terceira reunião fiz contato com a Queiroz Galvão, que honrou o compromisso. Foi pago R$ 10 milhões para o senador nesse período — afirmou Costa.
Ao longo de mais de seis horas de depoimento, Costa reafirmou que a maior parte das propinas pagas pela construtoras em obras comandadas pela área de Abastecimento eram endereçadas ao PP por meio de um esquema capitaneado pelo ex-deputado José Janene e pelo doleiro Alberto Youssef. Disse ainda que, depois da morte de Janene, em 2010, um terceiro operador, indicado pelo grupo político majoritário do PP, passou a compor o esquema.
Costa explicou que, entre 2006 e 2007, foi procurado pelo presidente da UTC, Ricardo Pessoa, e por dois executivos da Odebrecht, Marcio Faria e Rogério Araújo. Os empresários lhe propuseram que as grandes empreiteiras passassem a ter "exclusividade" na execução das obras da Petrobras em troca de propina. Participavam do esquema as empresas do grupo A do cadastro da Petrobras: Odebrecht, UTC, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Galvão Engenharia, OAS, Engevix, Camargo Corrêa, Mendes Junior e Techint, entre outras. A conversa teria sido a origem do "Clube das Empreiteiras", cartel formado pelas maiores construtoras do país e que ganhou mais de R$ 80 bilhões em licitações nos últimos 10 anos.
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— O objetivo era que não houvesse empresas convidadas para as licitações de empresas que não fossem desse grupo. Eu ajudava as empresas que participavam do cartel dentro da Petrobras. Por meio do deputado José Janene (PP-PR) e do deputado Pedro Correia (PP-PE) ficou acertado que seria destinado 1% dos contratos da área de Abastecimento para os entes políticos. Esse valor era médio. Tivemos algumas licitações com valores um pouco menores. A maioria das empresas do cartel era 1%.
O acordo teria vigorado até 2010, quando Costa tomou a iniciativa de rompê-lo e chamar outras empresas para participar das licitações. E qualificou a corrupção na área em que dirigia de “a ponta do iceberg”, já que os maiores desvios estariam nas diretorias de Expansão e Óleo e Gás.
O ex-diretor disse que todo o dinheiro depositado em contas na Suíça em seu nome veio da Odebrecht. De acordo com as investigações, ele recebeu US$ 31,5 milhões em propina da construtora entre os anos de 2012 e 2013 em quatro momentos diferentes.
Paulo Roberto Costa confirmou que parte dos R$ 2,875 milhões que recebeu da Camargo Corrêa de outubro de 2012 a dezembro de 2013 a titulo de consultoria, na verdade o dinheiro se referia a atrasados de propinas do tempo em que era diretor de Abastecimento da Petrobras, antes de 2012, quando deixou o cargo. O acerto de propinas foi feito com Eduardo Leite, vice-presidente da Camargo Corrêa, segundo Costa.
— Aliás meus contatos não licitos dentro da Camargo Corrêa eram feitos com o Eduardo Leite, embora eu falasse também com o presidente da companhia, o Dalton Avancini — explicou o ex-diretor da Petrobras.
Além esse contrato, sua empresa, a Costa Global, fechou outro de consultoria, desta vez com a Engevix, para "acertar propinas pendentes". Assim, de julho de 2013 a dezembro de 2013, a Engevix lhe pagou R$ 295 mil.
— Esse foi mais um contrato fictício para acertar pendências do passado. Acertei os detalhes com o Gerson Almada (diretor da Engevix) — afirmou Paulo Roberto Costa ao juiz Moro.
Ele afirmou que houve pagamento de propinas para a construção da Refinaria Repar, no Paraná, com consório da Camargo Corrêa e Promon. "Meus contatos para o acerto de propina eram sempre com a Camargo Corrêa". Na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, ele garantiu que também houve pagamento de propina, o mesmo acontecendo nas obras do Comperj, no Rio de Janeiro, cujo consórcio TUC era formado pela UTC, Toyo Setal e Odebrecht.
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— Os operadores desse consórcio se acertaram com o Alberto Youssef para o pagamento das propinas. Eu não participei dessas negociações.
Segundo Costa, em todos os contratos envolvendo as empresas do cartel "não houve nenhum que não houvesse pagamento de propina. Mas eu não tinha detalhes de todos os contratos. Quem fazia o controle era o Alberto Youssef (doleiro)”.
Costa disse que se não houvesse cartel, os preços das obras na Petrobras poderiam custar pelo menos 3% a menos do que custavam com o "clube das empreiteiras"
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