*ARTHUR VIRGÍLIO
Acompanho com interesse e preocupação o debate legislativo em torno do Código Florestal. A matéria foi deliberada pela Câmara, após cumprir todo o ritual de tramitação congressual.
O ex-Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, bem ao seu estilo extravagante, declarou que a Presidente Dilma Rousseff lhe teria assegurado a disposição de vetar certos trechos do texto consagrado no Parlamento. Estranhei, claro, o fato de ela não falar pela voz de nenhum líder parlamentar de sua base ou pela Ministra Isabela Teixeira, que substituiu Minc no MMA.
O tema é delicado. De um lado temos a forte bancada ruralista e a força do agronegócio brasileiro. De outro, a proximidade da Conferência Rio + 20 e a forte pressão dos ambientalistas, no sentido dos vetos presidenciais. No meio, a própria Dilma, que lida com a realidade de uma maioria parlamentar artificial, inorgânica e fragilizada pelos personalismos e pela falta de um projeto de reformas que pudesse motivar e renovar o ânimo do segmento político.
Suponho que a Presidente não sancionará integralmente o Projeto. Deverá optar por criar ambiente favorável ao governo brasileiro na Rio + 20. E, claro, pagará o preço de mais instabilidade nas votações nas duas Casas, Câmara e Senado.
A virtude, muitas vezes, está no centro mesmo. Puxar demasiadamente para um dos lados, tensiona e leva a um jogo de soma zero. Um acordo que significasse e resumisse as concessões possíveis e aceitáveis de ambientalistas e ruralistas poderia ser a saída mais sábia para o impasse.
Aprendi a alargar ao máximo a perspectiva do possível, sem deixar de aceitar que esse mesmo possível tem fronteiras, tem limites. Às vezes sou radical; jamais sou sectário. O radicalismo pode ser sinônimo de ir à raiz dos problemas e isso não é necessariamente antônimo de serenidade ao raciocinar e decidir. Já o sectarismo, este sim é sinônimo de imprudência, perda de inteligência política e personalidade autoritária: só vale o que o sectário deseja; o resto todo é por ele considerado inútil, nocivo e descartável.
Aguardemos o desfecho da novela. Minha impressão é que se poderia ter construído um fim mais harmônico e habilidoso.
*Diplomata escreve semanalmente para este blog
Acompanho com interesse e preocupação o debate legislativo em torno do Código Florestal. A matéria foi deliberada pela Câmara, após cumprir todo o ritual de tramitação congressual.
O ex-Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, bem ao seu estilo extravagante, declarou que a Presidente Dilma Rousseff lhe teria assegurado a disposição de vetar certos trechos do texto consagrado no Parlamento. Estranhei, claro, o fato de ela não falar pela voz de nenhum líder parlamentar de sua base ou pela Ministra Isabela Teixeira, que substituiu Minc no MMA.
O tema é delicado. De um lado temos a forte bancada ruralista e a força do agronegócio brasileiro. De outro, a proximidade da Conferência Rio + 20 e a forte pressão dos ambientalistas, no sentido dos vetos presidenciais. No meio, a própria Dilma, que lida com a realidade de uma maioria parlamentar artificial, inorgânica e fragilizada pelos personalismos e pela falta de um projeto de reformas que pudesse motivar e renovar o ânimo do segmento político.
Suponho que a Presidente não sancionará integralmente o Projeto. Deverá optar por criar ambiente favorável ao governo brasileiro na Rio + 20. E, claro, pagará o preço de mais instabilidade nas votações nas duas Casas, Câmara e Senado.
A virtude, muitas vezes, está no centro mesmo. Puxar demasiadamente para um dos lados, tensiona e leva a um jogo de soma zero. Um acordo que significasse e resumisse as concessões possíveis e aceitáveis de ambientalistas e ruralistas poderia ser a saída mais sábia para o impasse.
Aprendi a alargar ao máximo a perspectiva do possível, sem deixar de aceitar que esse mesmo possível tem fronteiras, tem limites. Às vezes sou radical; jamais sou sectário. O radicalismo pode ser sinônimo de ir à raiz dos problemas e isso não é necessariamente antônimo de serenidade ao raciocinar e decidir. Já o sectarismo, este sim é sinônimo de imprudência, perda de inteligência política e personalidade autoritária: só vale o que o sectário deseja; o resto todo é por ele considerado inútil, nocivo e descartável.
Aguardemos o desfecho da novela. Minha impressão é que se poderia ter construído um fim mais harmônico e habilidoso.
*Diplomata escreve semanalmente para este blog
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