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Eleição rima muito bem com corrupção

*Paulo Pinto - Pároco em Nossa Senhora de Lourdes, no Parque 10

Para incrementar o tsunami de corrupção que submergiu o país em 2011, este ano teremos eleições municipais. E como se sabe, no Brasil, eleição rima com leilão da coisa pública, suborno, sedução, devassidão, decomposição, depravação. Tudo isso está resumido na palavra corrupção. Há brasileiros que tudo fazem para chegar ao poder. Prometem resolver todos os problemas da nação e dos brasileiros. Haverá trabalho para todos, salários elevados, gordas aposentadorias. Saúde e educação de qualidade. Segurança e progresso.

Há mais de trinta anos eu escrevia que se não houvesse eficaz política pública de geração de emprego, para dar aos pobres a chance de também participarem da construção do país, aquelas crianças que ficavam esmolando nos semáforos, cresceriam e atacariam a sociedade como as hordas primitivas faziam. São os miseráveis que não tendo acesso ao pão e à educação, se organizam e atacam, matando pessoas inocentes, explodindo caixas de bancos e supermercados, porque não lhes foi dado o direito se ser cidadãos.

O tempo passou. Esta semana uma especialista em distribuição de renda e políticas públicas da Unicamp , dizia na rádio CBN, que 50% da população brasileira vive com menos de R$ 375 mensais. Qual família consegue comer, morar, pagar água, luz, telefone, comprar material escolar para os filhos e vestir com R$ 375?


Se por um lado a miséria gera o caos social e a violência, por outro, o sistema jurídico-político constitucional foi desenhado para permitir a apropriação dos bens que pertencem ao tesouro nacional pelos que exercem o poder político-jurídico. Sejamos enfáticos, o sistema permite a apropriação via Executivo, protege o delinqüente via Legislativo e prescreve a punição via Judiciário. Trata-se da mais importante coluna do sistema republicano: a harmonia entre os poderes. Será que ainda existe algum brasileiro razoavelmente informado que não desconfie que a harmonia também foi construída para o mal?

A imprensa revela quadrilhas muito bem estruturadas, com poder para decidir e dinheiro para subornar, no comando político do país. Setores da grande imprensa nacional especulam claramente que existe pouca diferença entre quadrilhas e partidos políticos. É por isso que a tão necessária reforma constitucional nunca será colocada em pauta no Congresso. Só se o povo brasileiro tomar de assalto o Congresso Nacional, como a polícia e as forças armadas estão fazendo nas favelas cariocas. Nas favelas a lei e a ordem são restabelecidas pelas Unidades de Polícia Pacificadora; no Congresso, a ordem constitucional poderia ser restabelecida pela “União Nacional Protetora do Dinheiro Público”.

Não adianta falar de ética no exercício de função pública. Nem de cidadania, valores morais, dever cívico, amor à pátria, respeito humano. Quem chega ao poder em meio à cultura praticada historicamente pela classe política, está a um passo da corrupção. A filosofia do “se dar bem enquanto durar o mandato eletivo, o cargo ou a função pública”, prevalece. Sair rico ou bem encaminhado para o futuro é quase regra. Essa é a ética geral. O exemplo do prefeito de Tapauá é apenas um entre tantos outros.
Ano político: eleição rima muito bem com corrupção

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