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O açaí do Pará e o mundo

 Por Lúcio Flávio Pinto

 Antigo versinho, de largo uso local, revela um dos principais atrativos do Estado: “Quem vem ao Pará, parou; tomou açaí, ficou”. Mas não eram muitas as pessoas que iam ao Pará. E nem todas elas apreciavam o açaí, que continuou a ser um patrimônio exclusivo dos paraenses e, em menor grau, de outros Estados da Amazônia.

Em 2000 a situação começou a mudar, rápida e intensivamente. Disparado o maior produtor nacional, o Pará extraiu naquele ano 380 toneladas, quase exclusivamente para o consumo interno. No ano passado, a produção alcançou quase 10 mil toneladas – e se tornou insuficiente para suportar a demanda.

Na onda da alimentação natural, da busca pela juventude prolongada e pela saúde total, o açaí entrou de vez na dieta de naturalistas, macrobióticos, atletas e integrantes da terceira idade. É oferecido em quase todos os Estados brasileiros e foi aceito pelos Estados Unidos e a Austrália, que importam quantidades crescentes de açaí. É a fruta nativa de maior presença fora da Amazônia, um raro caso de sucesso de um produto tipicamente local. Sua cultura deverá continuar a se expandir exponencialmente pelos próximos anos.

Embora os paraenses apostassem nos encantos do suco extraído da vistosa palmeira, jamais podiam supor que ela conquistaria milhões de admiradores espalhados além das suas divisas, de uma forma que horroriza o consumidor tradicional. O belenense padrão toma, praticamente todos os dias, um prato do “vinho” de açaí puro e grosso.

Lúcio Flávio Pinto é paraense de Santarém; tem 60 anos e é jornalista há 44.

Passou por algumas das principais publicações brasileiras, e hoje é editor do Jornal Pessoal, newsletter quinzenal que circula em Belém desde 1987. Já recebeu quatro prêmios Esso e dois Fenaj, além do International Press Freedom Award. Tem 15 livros publicados, a maioria sobre a Amazônia.
Escreve a coluna Cartas da Amazônia quinzenalmente, às quartas-feiras.
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