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Sting reencontra Raoni em SP e pede mais diálogo sobre usina de Belo Monte

Fonte: Globo Amazônia

Foto: Dennis Barbosa/Globo Amazônia
SÃO PAULO - O cantor britânico Sting reuniu-se neste domingo (22), em São Paulo, com os líderes caiapós Raoni e Megaron Txucarramae, para chamar atenção para a questão da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.

Os caiapós, assim como diferentes organizações e movimentos sociais, se opõem à construção da megausina no Rio Xingu, que ainda não foi licitada por falta de licença ambiental prévia.

“Estou particularmente feliz de encontrar meus amigos Raoni e Megaron”, disse o cantor. “Estou aqui porque quero que sua voz seja ouvida”, acrescentou. Ele não condenou a obra diretamente, no entanto.

Explicou que é estrangeiro, e que este é um “assunto brasileiro - mas de todos os brasileiros”. “Há razões econômicas para que seja construída e razões ambientais para que não seja. O povo de Raoni precisa ser parte do processo”, alertou.

Raoni e Megaron também reclamaram da suposta falta de diálogo que haveria com o governo federal que, em sua visão, quer construir a usina “de qualquer jeito”. “O governo não conversou com o índio. O índio não sabe o que é uma audiência pública. Ele acha que vai lá para brigar”, apontou Megaron, ao pedir que o diálogo com os indígenas seja feito de uma forma adequada à sua cultura.

- Quero que meu povo viva em paz, por isso digo para não fazerem a barragem - disse em seu idioma o líder Raoni, com tradução de Megaron para o português.


Sting ouve Raoni falar sobre a mobilização de seu povo contra a construção da usina de Belo Monte. (Foto: Dennis Barbosa/Globo Amazônia)

Sting espera que na conferência internacional do clima de Copenhague, em dezembro, as lideranças mundiais reconheçam que salvar o meio ambiente é tão importante quanto ajudar a economia ameaçada pela crise financeira internacional. “É muito grande e importante para falhar”, observou.

20 anos depois

O reencontro de Sting com as lideranças caiapós em São Paulo acontece vinte anos após o I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, em Altamira (PA), em 1989.

Depois da reunião de 1989, Sting fundou com sua mulher, Trudie, a Rainforest Foundation, que, entre outros projetos, apoiou o reconhecimento oficial de terras indígenas no Xingu.

Segundo informações do Instituto Socioambiental, na década de 1990, a Rainforest passou a apoiar projetos no Parque Indígena do Xingu, entre eles o monitoramento dos limites do parque para prevenir invasões e o desenvolvimento de um sistema de educação bilíngue para 14 etnias que ali vivem.

O Parque Indígena do Xingu é atualmente uma grande mancha verde preservada, pressionada pela expansão da fronteira agrícola em seus arredores.

“Há 20 anos, quando fui para o Xingu, tive a intuição de que a floresta lá era importante para o mundo. Mas era só uma intuição. Agora há informações científicas que embasam essa intuição”, comentou Sting.


Para gerar energia será represada a maior parte do Rio Xingu. Canais levarão a água até uma casa de máquinas, enquanto uma porção do rio ficará com o fluxo de água reduzido. (Foto: EIA-RIMA/Montagem Globo Amazônia)

Ainda na noite deste domingo, o cantor se apresenta na capital paulista no festival About Us, de cunho ambientalista, e prometeu convidar Raoni para falar no palco. “Serei a banda de fundo do Raoni”, brincou.

Marina Silva

Perguntado se pretende dar algum apoio a Marina Silva durante a campanha presidencial do próximo ano, o cantor inglês disse apenas que conheceu a senadora acreana há dois dias e que ficou muito impressionado. “Ela é muito carismática”, comentou. (RC)

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