A exuberante Praia do Amor, um dos cartões postais da paradisíaca Alter do Chão
Uma terra cujas belezas não encerram-se nas vastíssimas riquezas naturais, mas que possui também um rico substrato cultural e religioso. São essas características que tornam a vila de Alter do Chão, localizada a aproximadamente 32 quilômetros de Santarém, um dos mais fascinantes pontos turísticos no Norte do País.
Em meados de agosto, a descida das águas do rio Tapajós acompanha a crescente movimentação da população da cidade em torno do Sairé, considerado o maior festival folclórico do Oeste do Pará. Nesse mesmo período, começam a ressurgir as praias de areia branca, cuja extensão total ultrapassa a marca dos 250km. A mais famosa é a Praia do Amor, uma faixa de areia que, devido à localização estratégica e à beleza característica, tem se tornado ao longo dos anos o “point” preferido dos turistas.
Ancestral
Com uma população de 7 mil pessoas – das quais 3 mil descendentes diretos dos índios Borari –, Alter do Chão tem parte de sua receita baseada na pesca e no artesanato, enviado regularmente a Santarém e a Manaus e que, a partir daí, ganha o mundo. Mas é no setor turístico que a vila vêm se destacando a cada ano. A junção das belezas naturais com o espetáculo folclórico ancestral ocasionou uma avalanche de turistas, inclusive no município de Santarém. “Em 1997, quando a festa começou a ser divulgada, calculou-se a presença de 40 mil pessoas. Dez anos depois, esse número aumentou para 100 mil, e a expectativa para este ano é que a festa atraia 150 mil pessoas”, afirma Ieda Pinheiro, responsável pela produção do evento.
Atualmente, Alter do Chão dispõe de dois hotéis cinco estrelas, além de pousadas. A maioria situada nas proximidades do Lago Verde, uma das atrações naturais do local. Este ano, o espetáculo de Sairé será realizado no período de 11 a 15 de setembro.
O espetáculo
As origens do festival folclórico do Sairé datam de mais de 300 anos, quando os índios Borari realizavam cantos e danças em agradecimento aos deuses pela fartura concedida nas colheitas. Com a chegada das missões portuguesas, ocorreu uma adaptação do ritual às celebrações católicas.
O cerimonial começa dias antes do festival, quando os moradores da vila se reúnem e entram na mata em busca do tronco de árvore que vai servir como o mastro da procissão. Depois de derrubado, o tronco é levado para a Praia do Cajueiro, onde fica até o dia 11 de setembro, quando então é feita a abertura oficial da festa. Neste dia, entram em cena o juiz, a juíza e a Saraipora, personagens significativas do Sairé (expressão que assinala um convite no dialeto borari) para dar início à parte religiosa da festa.
Há pouco mais de dez anos, surgiu a idéia de aliar a festividade religiosa com o espetáculo dos botos. Durante cinco noites, as danças e comidas típicas formam o cenário ideal para o embate entre os botos Cor-de-Rosa e Tucuxi no Sairódromo. O ponto alto do espetáculo ocorre na representação da sedução da cabocla pelo boto – um verdadeiro show de sensualidade que assinala a culminância do encontro entre o sagrado e o profano.
Daniel Amorim
Foto:Ronaldo
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