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Cacciola chega ao Brasil e nega que tenha fugido

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Depois de 10 meses preso no principado de Mônaco, o ex-banqueiro Salvatore Cacciola desembarcou na madrugada desta quinta-feira no Rio e negou que tenha fugido do país, onde foi condenado a mais de 10 anos de prisão por crimes financeiros.

"Nunca fui um foragido. Fui para a Itália com passaporte. Saí do Brasil com passaporte e livre", afirmou o ex-banqueiro ao chegar à sede da superintendência da Polícia Federal, para onde foi levado depois de desembarcar, por volta das 4h30, no aeroporto internacional do Rio.

Um carro da PF aguardava o ex-banqueiro na pista do aeroporto, evitando assim que Cacciola fosse abordado pelos jornalistas que faziam plantão no saguão do aeroporto.

Segundo a estudante Heloisa Helena de Almeida, que estava no mesmo vôo, o ex-banqueiro aparentava tranqüilidade.

"Ele não estava algemado, estava acompanhado de alguns agentes e muito tranqüilo, com cara de férias", disse.

Cacciola veio da Europa acompanhado por oito agentes da PF e pelo procurador da República Arthur Gueiros, informou o advogado do ex-banqueiro, Carlos Eli Eluf.

O advogado disse que espera conseguir um habeas corpus para seu cliente dentro de 15 dias.

"A prisão preventiva de 81 dias já expirou e há outras pessoas no caso que estão em liberdade", disse Eluf. "Ele não fugiu. Ele tinha um habeas corpus que o permitia sair do país pela fronteira", acrescentou.

"RISCO SISTÊMICO"

Cacciola foi condenado a 13 anos de prisão pela Justiça brasileira por crimes financeiros. Ele deixou o país em 2000, logo após conseguir um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), concedido pelo então presidente da corte, ministro Marco Aurélio Mello.

Depois que o habeas corpus foi revogado, Cacciola, que já estava na Itália, "decidiu" não voltar ao país, como afirmou nesta quinta-feira.

O ex-banqueiro foi preso em Mônaco em setembro do ano passado.

O escândalo envolvendo Cacciola ocorreu em 1999, durante o processo de desvalorização do real, quando o Banco Central socorreu os bancos Marka e FonteCidam, com 1,6 bilhão de reais.

O BC justificou na época a ajuda às duas instituições como uma medida para evitar um possível risco sistêmico para o mercado financeiro do país.

O ex-banqueiro disse estar tranqüilo e insistiu que confia na Justiça brasileira. "Estou voltando preso, mas é bom lembrar que outras pessoas que foram condenadas comigo neste processo estão trabalhando e livres, ganhando o seu dinheiro", afirmou.

"Não estava fazendo nada diferente do que eles estão fazendo aqui. Respondo todos os processos e estou sempre à disposição da Justiça. A diferença é que eu estava na Itália", acrescentou.

Cacciola irá para o presídio de Ary Franco, na zona norte do Rio, onde passará por uma triagem e segue depois para o presídio de Bangu 8, segundo informou seu advogado.

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