Governador do AM afirmou, ainda, que a defesa da dignidade humana está alinhada com as discussões realizadas durante o Sínodo dos Bispos, que se encerrou no domingo (27)
Foto: Diego Peres / Secom
O governador do Amazonas, Wilson Lima, defendeu o desenvolvimento sustentável na Amazônia, durante a 1ª Cúpula dos Governadores dos Estados da Pan-Amazônia, na Academia de Ciências do Vaticano, em Roma, nesta segunda-feira (28). Para o governador, esta é uma tarefa de todos, o que inclui o poder público, a sociedade e instituições como a Igreja Católica.
“Muito tem se falado sobre o aumento dos instrumentos de proteção, tecnologia – o que é importante para o monitoramento, policiamento, agentes dos órgãos de controle – mas, por mais que se tenha todos esses instrumentos, não seremos capazes de fazer isso sem que o cidadão que mora lá entenda a importância de se preservar. E ele só vai conseguir fazer isso no momento em que a floresta fizer sentido para ele. Porque hoje essa metade da população explora a floresta como uma forma de sobrevivência. E sobreviver é condição primária”, discursou o governador, no plenário da academia.
Wilson Lima afirmou, ainda, que a defesa da dignidade humana está alinhada com as discussões realizadas durante o Sínodo dos Bispos, que se encerrou no domingo (27) e discutiu a Pan-Amazônia. “Todos os dias, ele (cidadão que mora na floresta) acorda querendo saber de que forma ele vai garantir o sustento da família dele. Então, essa é uma pessoa que precisa, acima de tudo, ter dignidade. Isso está muito alinhado com o que fala a igreja, isso está muito alinhado com o que foi discutido no Sínodo, sobre a dignidade humana e o respeito ao cidadão”, frisou.
Projetos do Amazonas
Durante o discurso na Cúpula, Wilson Lima também apresentou algumas das medidas adotadas pelo Governo do Amazonas para promover o desenvolvimento sustentável, abordou entraves que ainda existem e defendeu ações como a realização efetiva do Zoneamento Ecológico Econômico da região e a ampliação da regularização fundiária.
“Nós temos alguns projetos e alguns avanços, mas de forma muito isolada. O nosso povo ainda continua sofrendo muito. Nós temos uma população que ainda vive na linha da pobreza, enquanto tem muita gente ganhando com a marca Amazônia, multinacionais ganhando com a marca Amazônia. Nosso ouro continua saindo de terras indígenas, sem contar a matéria-prima que sai e se transforma em produtos acabados e, às vezes, de altíssima qualidade e também de alto valor agregado, que acaba beneficiando outras populações”, acrescentou.
Discussões
A cúpula discutiu desmatamento ilegal, direitos dos povos indígenas, populações tradicionais, bioeconomia, erradicação da pobreza e valorização dos serviços ambientais prestados ao planeta. O cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes falou das discussões no Sínodo para a Amazônia, enfatizou a preocupação da Igreja, pediu compromisso dos governadores e destacou a importância de promover a valorização da floresta.
“A Amazônia tem grandes metrópoles. Manaus é a maior metrópole da Amazônia. E não só em Manaus, mas em grande parte das cidades amazônicas, você percebe uma certa tendência a estar de costas para as florestas”, disse Dom Cláudio Hummes, ao destacar a importância de se valorizar as riquezas da região.
Além do governador Wilson Lima, participaram do encontro os governadores Waldez Góes, do Amapá, que também é presidente do Consórcio Interestadual para a Amazônia Legal; Helder Barbalho, do Pará; Flávio Dino, do Maranhão; e Wellington Dias, do Piauí, que representa o Consórcio do Nordeste.
Também estiveram no evento o secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira; o ministro do Meio Ambiente da Colômbia, Ricardo José Lozano Picón; o secretário de Assuntos de Soberania Nacional do Governo Federal brasileiro, Fabio Mendes Marzano; os chefes do Executivo de nove países que compõem o território amazônico, representantes da sociedade civil e cientistas.
Governo Federal
O governador Wilson Lima conversou com o secretário de Assuntos de Soberania Nacional do Governo Federal Brasileiro, Fabio Mendes Marzano, que reconheceu a importância da discussão. “Quero enfatizar que o governo brasileiro reconhece a importância dessa discussão, e segue de perto todos os instrumentos de acordos internacionais existentes. No Acordo de Paris, por exemplo, o Brasil esteve lá e negociou ativamente, e assumiu o compromisso que, dentre todos os países em desenvolvimento, é o único que produz metas absolutas de redução de suas emissões”, afirmou Marzano.
Além dele, também representou o Governo Federal o coronel Adriano Azevedo, do Gabinete de Segurança Institucional. Ambos parabenizaram a explanação do governador Wilson Lima, que exibiu imagens dos projetos de desenvolvimento sustentável desenvolvidos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Médio Juruá, em Carauari, no interior do Amazonas.
“No momento em que eu consigo avançar nessa melhoria de qualidade de vida do povo da Amazônia, naturalmente que conseguimos levar esses modelos para outras regiões do Brasil, e também para outros países que fazem fronteira com o estado do Amazonas. Então, é meta número um melhorar a qualidade de vida das pessoas, erradicar a pobreza, aumentar o Índice de Desenvolvimento Humano, porque com pobreza não tem como se preservar”, disse o governador do Amazonas.
Sínodo
Wilson Lima também destacou a importância das discussões dos bispos no Sínodo. “Essa é uma discussão muito importante tratada aqui pela Igreja Católica como um tema que havia sido agendado há algum tempo, mostrando o quanto esse assunto precisa estar na pauta, e o mundo precisa melhor discutir os instrumentos para que a Amazônia possa ser protegida. A Igreja tem um alcance muito grande, e o documento que saiu daqui é um documento que está muito alinhado com o que pensam os governadores”, afirmou.
No encerramento do Sínodo da Amazônia, o papa Francisco anunciou a criação de uma área, dentro da Santa Sé, dedicada aos cuidados com a Amazônia. O departamento deverá ficar dentro do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, sob o comando do cardeal Peter Turkson, de Gana.
O Sínodo da Amazônia reuniu 185 padres, sendo 57 brasileiros. Além de bispos convidados de outros países, de congregações religiosas, outras comunidades cristãs, da população e especialistas.
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