Um dos cardeais brasileiros que aparecem na bolsa de apostas sobre quem será o próximo papa, d. Odilo Pedro Scherer, 63, arcebispo de São Paulo, disse que Bento 16 foi incompreendido e colocado na berlinda durante seu pontificado.
O cardeal, que participará do conclave para eleger o sucessor de Bento 16, falou ontem pela primeira vez desde que o papa anunciou sua renúncia para o próximo dia 28.
"O papa foi colocado na berlinda em relação a várias questões ao longo de seu pontificado. Ele procurou fazer o melhor para o bem da igreja, mas nem sempre foi bem interpretado", disse em entrevista na catedral da Sé, sem detalhar essas questões.
Para o arcebispo, Bento 16 não foi bem compreendido em sua condução da igreja, "no confronto das ideias, no campo da cultura e no embate da opinião pública".
Considerado conservador, o alemão Joseph Ratzinger, 85, enfrentou em seu pontificado escândalos como o "Vatileaks", vazamento de documentos secretos pelo ex-mordomo que apontavam para casos de corrupção na igreja. Também foi acusado de dar pouca atenção às denúncias de pedofilia no próprio clero.
D. Odilo procurou, contudo, negar rumores de que o papa estivesse isolado no Vaticano e que isso tenha contribuído para sua decisão.
"Bento 16 tinha todos os contatos de que precisava. Ele foi restringindo esses contatos em razão de sua idade, das suas forças. Não dá para dizer que estivesse isolado no Vaticano", disse.
Tido como um cardeal moderado no Brasil, mas conservador fora do país, d. Odilo é considerado um dos candidatos a papa por comandar a maior arquidiocese do maior país católico no mundo. Também conta a favor dele o fato de cerca de 40% da população católica se concentrar na América Latina.
Mas ele evitou se apresentar como um possível candidato. "Seria muita pretensão um cardeal dizer: 'Eu estou preparado'. Vai ser muito mais um julgamento dos outros do que do próprio."
O cardeal disse ainda considerar que nem o país de origem nem a idade dos elegíveis serão avaliados pelo conclave como pontos essenciais para escolher o pontífice.
Para ele, o perfil do eleito deverá ser o de alguém preparado para enfrentar os desafios contemporâneos da igreja. O principal, diz, é a existência de uma nova cultura cheia de subjetivismo e relativismo total dos valores, inclusive éticos e religiosos.
O cardeal falou ainda sobre o momento em que recebeu a notícia sobre a renúncia do papa. Disse que tinha acabado de chegar a Roma e estava desfazendo a mala quando ouviu a notícia pelo rádio. "Minha reação foi de surpresa, de compreensão e de admiração, porque foi um gesto extremamente corajoso, humilde e desapegado."
QUARESMA
Ele pediu ontem à comunidade arquidiocesana que ore para que os cardeais tenham sabedoria e discernimento no momento da escolha do novo papa. O conclave deverá ocorrer na segunda quinzena de março, no Vaticano.
D. Odilo Scherer celebrou ontem, na catedral da Sé, a missa que marca o início da Quaresma, na Quarta-Feira de Cinzas.
(PATRÍCIA BRITTO)
O cardeal, que participará do conclave para eleger o sucessor de Bento 16, falou ontem pela primeira vez desde que o papa anunciou sua renúncia para o próximo dia 28.
"O papa foi colocado na berlinda em relação a várias questões ao longo de seu pontificado. Ele procurou fazer o melhor para o bem da igreja, mas nem sempre foi bem interpretado", disse em entrevista na catedral da Sé, sem detalhar essas questões.
Para o arcebispo, Bento 16 não foi bem compreendido em sua condução da igreja, "no confronto das ideias, no campo da cultura e no embate da opinião pública".
Considerado conservador, o alemão Joseph Ratzinger, 85, enfrentou em seu pontificado escândalos como o "Vatileaks", vazamento de documentos secretos pelo ex-mordomo que apontavam para casos de corrupção na igreja. Também foi acusado de dar pouca atenção às denúncias de pedofilia no próprio clero.
D. Odilo procurou, contudo, negar rumores de que o papa estivesse isolado no Vaticano e que isso tenha contribuído para sua decisão.
"Bento 16 tinha todos os contatos de que precisava. Ele foi restringindo esses contatos em razão de sua idade, das suas forças. Não dá para dizer que estivesse isolado no Vaticano", disse.
Tido como um cardeal moderado no Brasil, mas conservador fora do país, d. Odilo é considerado um dos candidatos a papa por comandar a maior arquidiocese do maior país católico no mundo. Também conta a favor dele o fato de cerca de 40% da população católica se concentrar na América Latina.
Mas ele evitou se apresentar como um possível candidato. "Seria muita pretensão um cardeal dizer: 'Eu estou preparado'. Vai ser muito mais um julgamento dos outros do que do próprio."
O cardeal disse ainda considerar que nem o país de origem nem a idade dos elegíveis serão avaliados pelo conclave como pontos essenciais para escolher o pontífice.
Para ele, o perfil do eleito deverá ser o de alguém preparado para enfrentar os desafios contemporâneos da igreja. O principal, diz, é a existência de uma nova cultura cheia de subjetivismo e relativismo total dos valores, inclusive éticos e religiosos.
O cardeal falou ainda sobre o momento em que recebeu a notícia sobre a renúncia do papa. Disse que tinha acabado de chegar a Roma e estava desfazendo a mala quando ouviu a notícia pelo rádio. "Minha reação foi de surpresa, de compreensão e de admiração, porque foi um gesto extremamente corajoso, humilde e desapegado."
QUARESMA
Ele pediu ontem à comunidade arquidiocesana que ore para que os cardeais tenham sabedoria e discernimento no momento da escolha do novo papa. O conclave deverá ocorrer na segunda quinzena de março, no Vaticano.
D. Odilo Scherer celebrou ontem, na catedral da Sé, a missa que marca o início da Quaresma, na Quarta-Feira de Cinzas.
(PATRÍCIA BRITTO)
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