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Lula diz que países ricos não estão habituados a negociar

JEFERSON RIBEIRO Do G1, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira (23) a posição dos países ricos durante as negociações da rodada de Doha, que acontece em Genebra, na Suíça। Segundo ele, os Estados Unidos e a Europa estão “habituados” a não fazer negociações e tentar impor sua vontade. Porém, Lula disse que está confiante na possibilidade de um acordo. Ele disse que as negociações estão “em boas mãos” sob o cuidado do ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim. “Eu acho que tanto os americanos quanto os europeus estão habituados a um tempo em que não havia negociação. Eles impunham o que eles queriam e os outros eram obrigados a aceitar. Hoje é preciso levar em conta a existência dos países emergentes, é preciso levar em conta a existência de uma maior consciência sobre a soberania alimentar do mundo inteiro e, portanto, eu continuo na expectativa de que o Brasil vai fazer acordo com os [demais] países”, disse Lula ao sair do almoço com o primeiro-ministro de Trinidad e Tobago, Patrick Manning.
O presidente disse ainda que a negociação comercial é necessária para combater outros males como o terrorismo e a perseguição contra imigrantes. Segundo ele, se os países ricos não derem chance aos mais pobres, não será possível levar paz ao mundo. “Eu tenho dito que sou o mais otimista dos dirigentes mundiais na possibilidade de fazer um acordo na rodada de Doha, até porque eu estou convencido de que se nós quisermos ter paz no mundo, se nós quisermos combater o terrorismo, se nós quisermos evitar essa perseguição que tem aos imigrantes no mundo inteiro, temos que ajudar a desenvolver os países mais pobres e isso necessariamente passa por um bom acordo na rodada de Doha, em que os europeus flexibilizem o mercado de agricultura para que os países pobres possam vender seus produtos e os Estados Unidos reduzam seus subsídios e que nós façamos uma flexibilização na questão de produtos industriais”, disse. Lula afirmou que o Brasil já deu mostras de que está disposto a negociar suas restrições à importação de bens industriais e serviços e reclamou da pressão dos países ricos. “Nós já demos demonstrações a eles que estamos dispostos a fazer isso [reduzir as restrições à importação de produtos industriais], mas eu acho que eles sempre acham que os países emergentes têm que se subordinar à lógica deles e à teoria deles. Se não houver uma efetiva redução dos subsídios dos Estados Unidos, se não houver uma efetiva flexibilização para o mercado agrícola dos europeus, não tem acordo. E cada um arca com a sua responsabilidade”, alertou.
Celso Amorim
O presidente aproveitou para elogiar o ministro Celso Amorim, que foi criticado por negociadores de outros países ao citar ministro da propaganda de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, argumentando que os países estavam usando a mesma estratégia de repetir mentiras sobre as negociações em Doha até que elas se tornem verdades.
“O Celso Amorim é um extraordinário negociador e, portanto, penso que nós estamos em boas mãos”, elogiou Lula.

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