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Tráfico de pessoas uma realidade Enviar por e-mail BlogThis! Compartilhar no Twitter Compartilhar no Facebook Compartilhar no Orkut “É inegável a urgência na tramitação das propostas sugeridas, de modo a garantir maior penalidade aos criminosos e ajudar a desenvolver legislação específica de apoio às vítimas do tráfico de pessoas” POR LÍDICE DA MATA Dois fatos me levam a reforçar o tema do enfrentamento ao tráfico de pessoas neste artigo. O primeiro foi a adesão do Brasil, no último dia 9 de maio, à Campanha Coração Azul, promovida pelo Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC) no Brasil. Esta campanha já é desenvolvida em dez países e tem por objetivo mobilizar e conscientizar a sociedade para o combate ao tráfico humano. A cantora baiana Ivete Sangalo foi nomeada, durante o evento, embaixadora da Boa Vontade para combater o tráfico de pessoas no Brasil. O segundo fato é o término, na semana que se inicia, da apresentação da novela Salve Jorge, que tão bem abordou o tema do tráfico internacional de pessoas. Durante meses, nossa sociedade pôde entrar em contato com as diversas facetas deste crime, muitas vezes desacreditado da população. Quero lembrar que no Senado, finalizamos em dezembro do ano passado relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico Nacional e Internacional de Pessoas, cuja relatoria me coube, ao lado da senadora Vanessa Graziottin, que presidiu aquela CPI, e do senador Paulo Davim, que agora preside subcomissão sobre o mesmo tema. No relatório, alertamos as autoridades sobre a urgente necessidade de se adequar a legislação criminal brasileira, e apresentamos propostas para tipificar esses crimes, além de sugerir políticas públicas integradas para o combate e prevenção ao tráfico humano. Em fevereiro, tive a oportunidade de participar do lançamento do II Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, coordenado por três pastas do governo federal: Ministério da Justiça e Secretarias de Direitos Humanos e de Políticas para Mulheres. Este plano levou em conta diversos itens apontados em nosso relatório da CPI do Senado e contempla ações como o fortalecimento das Centrais de Atendimento às Mulheres (Disque 180) e dos Direitos Humanos (Disque 100), além da ampliação dos programas de capacitação de agentes que atuam nessa área. Todas essas iniciativas vão ao encontro da proposta que apresentamos no relatório da CPI do Senado, que visa à criação de um marco legal para enfrentar os crimes de tráfico humano, partindo de ações que devem integrar três eixos, que estou chamando de 3P´s: punição, prevenção e proteção às vítimas. Durante aquela cerimônia, foram divulgados dados consolidados sobre o tráfico de pessoas no Brasil: entre 2005 e 2011, a Polícia Federal registrou 157 inquéritos por tráfico internacional para fins de exploração sexual, enquanto que o Poder Judiciário, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), teve 91 processos distribuídos. Entre as estatísticas, outro dado preocupante: a de que foram identificadas 2.072 vítimas entre 2005 e 2011, mesmo com a falta de provas e o baixo número de denúncias. Ainda naquele mesmo período, foram registradas 475 vítimas de tráfico de pessoas, das quais 337 sofreram exploração sexual e 135 foram submetidas a trabalho escravo. O levantamento mostrou, ainda, que a maioria das vítimas brasileiras do tráfico internacional teve como destino países da Europa como a Holanda, a Suíça e a Espanha, mas também o Suriname, que registra a maioria dos casos. No Brasil, os estados de Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Bahia registraram ocorrências do que se chama de tráfico interno. Durante quase dois anos, nossa CPI atuou no debate e na busca incansável de informações que pudessem ser transformadas em propostas para ajudar o Parlamento e as autoridades governamentais a encontrar a melhor forma de combater o tráfico de pessoas, seja dentro ou fora do País. A campanha Coração Azul, da UNODC, da qual agora o Brasil participa, vai ao encontro da necessidade de serem ampliadas as ações para coibir o tráfico de pessoas em todas as suas finalidades, seja a exploração sexual, adoção ilegal de crianças, trabalho escravo ou ainda o tráfico de órgãos humanos. O relatório final da CPI do Senado já foi encaminhado à Mesa Diretora desta Casa, para a qual pedimos que seja agilizada a tramitação dos projetos de alteração legislativa nele contidos. Também já solicitamos que a Comissão de Direitos Humanos do Senado dê especial atenção aos desdobramentos dessas propostas. Além disso, também a Câmara dos Deputados tem uma Comissão de Inquérito instalada para esta finalidade. É inegável a urgência na tramitação das propostas sugeridas, de modo a garantir maior penalidade aos criminosos e ajudar a desenvolver legislação específica de apoio às vítimas do tráfico de pessoas, já que esse tipo de crime está relacionado a outras práticas de violações aos direitos humanos, como a exploração de mão de obra escrava e a exploração sexual. Infelizmente, o atual Código Penal Brasileiro só prevê a criminalização do tráfico de mulheres com a finalidade de exploração sexual. Precisamos ampliar a legislação para prever e ampliar as penas para esse e outros tipos de tráfico também. Quero registrar o trabalho feito pela autora e novelista Glória Perez, que conseguiu unir ficção e realidade ao abordar, de forma tão competente, uma dura realidade que aflige milhares de pessoas no Brasil e no mundo. Da mesma forma, cumprimentar o elenco e diretores da novela pela excelente atuação e resultado nas telas. Esperamos que o final da apresentação de Salve Jorge não represente o fim dos debates sobre este triste tema, nem tão pouco que o assunto caia no esquecimento das pessoas e da imprensa. Lídice da Mata * Formada em Economia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), é senadora pelo PSB da Bahia, eleita em outubro de 2010, e líder do seu partido no Senado. Foi prefeita de Salvador e deputada federal. Outros textos de Lídice da Mata.

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Publicado em  17 Abril
 Dora Kramer


Jornalista, escreve simultaneamente no jornal “O Estado de S.Paulo

Na última reunião de seu diretório nacional o PT anunciou o lançamento de campanhas para recolher assinaturas em apoio a duas emendas constitucionais: uma para instituir o financiamento público eleitoral e outra para ver se consegue criar alguma forma de controle estatal sobre o conteúdo produzido pelos meios de comunicação.
À primeira, o partido acrescentou dois ou três detalhes e deu o nome de “reforma política”. A segunda batizou de “democratização dos meios de comunicação” e manteve o espírito do projeto de controle social da mídia que vem tentando tirar do papel desde que ganhou a primeira eleição presidencial e anunciou a criação de um conselho para fiscalizar a imprensa.

Por que recorrer à iniciativa popular se o governo tem maioria ampla no Congresso e, em tese, poderia ganhar a parada no voto?

Porque o partido já percebeu que ambos os debates são perdidos na sociedade e, assim, não pode contar com ajuda do Planalto nem com apoio dos partidos aliados no Parlamento.

Campo onde há interesses conflitantes não é seara em que governos gostem de transitar. Alguns ainda enfrentam brigas e delas é que resultam avanços. De um modo geral não compram todas elas. Mesmo Fernando Henrique Cardoso, que comprou a da abertura da economia iniciada no governo Collor, a dos monopólios, a da reforma do Estado e parte da Previdência, deixou outras pelo caminho.

Veio o PT e não só retrocedeu em importantes avanços da época de FH, como abandonou outros contenciosos. Estão aí por fazer a complementação da reforma previdenciária e a totalidade das reformas política, tributária e trabalhista. E para que não fosse importunada por cobranças, logo ao assumir a presidente Dilma Rousseff anunciou que deixaria esse desconforto de lado. Oficializou o abandono das reformas e assunto encerrado.

Se o tema é vencido qual a razão de voltarmos a ele? A seguinte: insistência do PT não deixar a questão do controle da imprensa sair da pauta em contraposição à decisão do governo deixá-lo dormir em berço esplêndido.
No meio disso, há a necessidade incontestável de se regulamentar artigos da Constituição de 1988 sobre o funcionamento dos veículos comunicação, além da premência de se organizar legalmente os meios que se disseminaram de lá (quando, por exemplo, não existia internet) para cá.

A última manifestação da presidente Dilma Rousseff a respeito, para o ministro das Comunicações Paulo Bernardo, foi dizer a ele que estava “conduzindo muito bem o assunto” quando recentemente concordou com a necessidade de se debater o chamado marco regulatório, mas acrescentou que isso seria feito no “momento adequado”.

Como o governo não vislumbra essa adequação no horizonte, a presidente quis dizer ao ministro que a coisa é para ficar assim mesmo, em banho-maria. Até quando? Sabe-se lá.

E justiça seja feita: não se deve apenas àquele grupo do PT que tem um chilique autoritário a cada vez que é publicada uma denúncia envolvendo o governo ou o partido.

Deve-se a isso também, mas há a outra face da moeda: os interesses conflitantes entre partidos e empresas de comunicação, notadamente as proprietárias de canais de televisão Os políticos não querem mexer no assunto porque grande parte ou têm emissoras (rádio ou TV) ou são de alguma forma ligados a elas.

As grandes redes puxam cada qual para a respectiva sardinha e já deixaram isso muito claro às autoridades competentes. Exemplo de temas em torno dos quais reina a discórdia: aluguel de horário para programas independentes (aí incluídos, e principalmente, os espaços ocupados por igrejas de todo tipo) e obrigatoriedade de um determinado porcentual de programação local. É um tiroteio. E dele o governo fica distante para não levar uma bala perdida.



PREOCUPANTE

*ARTHUR VIRGÍLIO
         

Lisboa – A última edição de Veja de 2011 traz alentada matéria sobre a percepção do mundo sobre o Brasil, a partir de pesquisa CNT/SENSUS. No capítulo sobre a Amazônia, surgem dados preocupantes: para 41% dos americanos, o Brasil deve preservar a floresta amazônica de acordo com regras internacionais; 3% consideram que a floresta deve ser internacionalizada. Para 47% dos franceses, as regras devem ser internacionais, com 30% defendendo a internacionalização. Números deveras preocupantes.

64% dos alemães entendem que as regras para a preservação da floresta devem ser internacionais e 10% opinam pela internacionalização. 23% dos russos pensam que as regras de administração da floresta devem ser internacionais e 16% são pela internacionalização. 71% dos japoneses julgam adequado submeter a floresta a regras internacionais e 16% pregam a internacionalização. 29% dos sul-africanos são pelas regras internacionais e 5% pela internacionalização.

Na média desses seis países, quase 46% dos entrevistados consideram que o Brasil não é capaz de estabelecer regras competentes e responsáveis para a gestão da floresta e quase 12% são favoráveis à pura e simples internacionalização. Aliás, fico sem saber qual seria mesmo a diferença entre "administrar a floresta amazônica de acordo com regras internacionais" e "internacionalizá-la".

A primeira hipótese sugere uma sutileza, que não resistiria a uma simples pergunta: se as regras passassem a ser internacionais, a fiscalização do cumprimento das mesmas também o seria? E como fazer essa fiscalização, em caso de suposto descumprimento? Manu militari? Ora, sem presença militar estrangeira na área, o Brasil poderia desrespeitar as tais regras sem pagar preço algum. Se sobreviesse a figura da presença militar, a área estaria ou não, de fato, internacionalizada?

Se considerarmos que as duas hipóteses, no fundo, significam a mesma coisa, temos que, nos seis países aqui citados, 57,5%% dos entrevistados são, de uma forma ou de outra, favoráveis à internacionalização da Amazônia. Se excluirmos do cálculo a África do Sul, que detém peso geopolítico e militar pouco expressivo, essa média subirá para 62%.

Raciocinando com o fato de que a Amazônia brasileira significa 60% do total, porém há outros países "amazônicos", perceberemos que há, sim, um sentimento mundial contrário à soberania dessas nações sobre a enorme riqueza existente na floresta. A ideia básica é que, em virtude da grave questão climática e da fortuna que a biodiversidade da região encerra, não deveria caber aos países aos quais, hoje, pertence a floresta.

Não sei o que leva a opinião pública estrangeira a acreditar que uma administração internacional agiria melhor do que nós, brasileiros, somos capazes de realizar. Nós e os demais países "amazônicos".         

 *Diplomata

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LUTA BOA

     

*ARTHUR VIRGÍLIO

          

Lisboa – Bem recentemente, vimos o combate entre o holandês Alistair Overeeem e o americano Brock Lesnar. Não sou de apostar, mas, se fosse, teria jogado todas as fichas no primeiro. E foi o que aconteceu, de fato, na hora da verdade.


Subiu ao octógono um Lesnar visivelmente fora de forma e visivelmente estagnado em sua forma de lutar. Achei-o, inclusive, menos musculoso do que sempre foi. Seu oponente, três quilos mais leve, trazia consigo 117 quilos de pura musculatura. Ambos "bombados", sem dúvida. Overeem, mais do que "bombado", nem parecia o jovem esguio e até ingênuo, excelente apenas no muai thai, que foi tratorizado por Maurício Shogun, nos tempos áureos do Pride japonês.


Naquela edição do Pride, Ricardo Arona derrotou Wanderlei Silva em três rounds duríssimos e Shogum não encontrou a menor dificuldade para finalizar Overeem. Na mesma noite, na final do meio pesado, um Arona bastante contundido e cansado, perdeu para um Shogun zero quilômetro. Em condições iguais, o Arona daqueles tempos era páreo para qualquer um. Basta dizer que enfrentou o, à época, invencível Fedor Emilianenko, derrubou-o quando e como quis e perdeu porque os juízes não analisaram a luta honestamente.


Voltando a Brock e Overeem, temos que um foi campeão pesado do UFC e o segundo foi campeão do Strikeforce, que hoje pertence aos donos do UFC: os irmãos Ferttita e Dana White. O holandês simplesmente espancou o americano, que reage mal na adversidade. Não consigo enxergar nele o espírito do lutador. Excelente wrestler, faz algum boxe, conhece rudimentos de iu-jitsu e, sobretudo, é extraordinariamente forte. Talvez viciado nas marmeladas do "pro-wrestling", toda vez que é testado, corre da rinha, diferente de um Minotauro, que encarna o espírito dos grandes samurais, diferente de um Wanderlei, que não se amedronta diante de nada nem de ninguém.


Com essa vitória, Alistair Overeem ganha o direito de disputar o título de Junior "Cigano" dos Santos. Sou mais o brasileiro. Mais jovem, muito forte também, detentor de preparo físico invejável, está muito bem em todos os fundamentos: já é faixa preta de jiu-jitsu, conhece um certo wrestling e um certo muai-thai, boxeia tão bem, a ponto de pensar em disputar lutas profissionais nessa modalidade. Overeem é excelente no muai thai, tem experiência de ringue e de octógono, brilhou no K-1 japonês (só trocação) e melhorou no jogo de chão, sem ser nenhum especialista.


Claro que em se tratando de dois pesos pesados, pode dar qualquer resultado. Um soco bem encaixado nocauteia mesmo. É luta, aliás, para terminar antes dos cinco rounds previstos. Mas a lógica prognostica a favor de Cigano, que deve manter seu título, à espera de novo desafiante, quem sabe concedendo a revanche a Cain Velásquez, quem sabe, se Dana White quiser promover um lutaço, enfrentando Jon Jones que, normalmente, pesa 118 quilos, pesa 93 na véspera das lutas e sobe ao octógono já comuns 106 ou 108.


Considero um despropósito deixarem um homem com aquele tamanho e aquela força, com 2,14 m de envergadura – um verdadeiro condor brasileiro que tem um metro de altura e 2,15 m de asas abertas – lutar contra meio pesados autênticos como Lyoto, Shogun e outros tais. A praia de Jon Jones deveria ser a dos pesados, competindo com Cigano, Overeem, Minotauro, Frank Mir, James Carwin e Brock Lesnar. Nada de fazê-lo lutar com um Anderson Silva de 36 anos e bem mais leve. Assim como é negativo fazer George Saint Pierre encarar Anderson. Anderson muito dificilmente se criaria diante de Jones e GSP não teria grandes chances frente a Anderson.


Pelo que parece, Jones vai varrer a categoria dos meio pesados e o jeito vai ser jogá-lo na de cima, onde ele poderá brilhar, porém onde não passeará. MMA, afinal, não é Disneylândia.






*Diplomata
 

Reflexos da Copa no Amazonas


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Segundo estudo do Ipea, o custo fixo para a manutenção de um novo Estado é de R$ 832 milhões ao ano

LÚCIO FLÁVIO PINTO (*)


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A grande imprensa paraense tem contribuído – e muito – para a desinformação da opinião pública local. É o que qualquer analista observará, compulsando os três jornais que circulam diariamente em Belém. É o que concluirá ao examinar o que tem sido publicado sobre o principal tema na pauta do Estado neste momento: o plebiscito no qual será decidido se o Pará continuará a ser o 2º maior Estado da federação brasileira, com grandeza territorial para ser o 4º maior país da América do Sul, ou passará a ser o 14º. Sua população, porém, que é a 9ª maior, ainda se manterá como a 12ª.

Será uma mudança significativa de territorialidade: ao invés da ampla disponibilidade de espaço, certa limitação. Tanto por causa do adensamento demográfico (22 habitantes por quilômetro quadrado) como por um fator qualitativo gravoso: boa parte desse espaço já sofreu desmatamento e degradação das condições naturais. Um desafio que surgirá de súbito para o novo Pará.

Do seu antigo espaço surgiriam dois Estados desiguais. O Tapajós, se criado, será o 3º maior do Brasil em extensão e o 24ª em população do país (densidade de 1,6 habitantes por km2), equiparável ao Estado do Tocantins, a mais recente unidade federativa nacional.

Se efetivado, o Tapajós representará uma regressão de décadas em relação à posição atual do velho Pará em matéria de problemas e condições de resolvê-los. Com uma diferença fundamental: a pressão humana e econômica na região oeste é imensamente maior do que a de décadas atrás. Se Belém não conseguiu levar a bom termo esses desafios, Santarém poderá obter resultado melhor? Óbidos ou Altamira não acabarão trocando seis por meia dúzia em matéria de sujeição?

Já Carajás, com o 9º maior território e a 22ª população, pode ser equiparado a Rondônia, que tem, no entanto, "apenas" 237 mil km2. 50 mil km2 ,a menos. O paralelo não é destituído de significação. Estado típico de imigração, Rondônia sofreu tal desmatamento que a principal meta das suas lideranças é tirá-lo da Amazônia e transferi-lo para o Centro-Oeste, ampliando assim (de 20% ou 50% para até 80%) a área de imóveis rurais passível de derrubadas de floresta.

Centro da atenção
Rondônia se parece cada vez mais ao sertão, assim como Carajás. Seus novos moradores podem sentir maior identidade com a paisagem dessa maneira, mas a Amazônia só tem a lamentar – e a perder. Em espaço menor, os defensores do atual modelo de ocupação da região, que leva a esses efeitos tão danosos, são os mesmos que lideram as três frentes. Fique tudo como está ou mude a paisagem, não será para melhor.

Chegar a essa constatação exige, contudo, muita reflexão e exame objetivo dos dados. Mas em qual dos jornais esse fórum se estabeleceu? Onde está o cumprimento da missão de fornecer aos cidadãos as informações e as análises que lhes dêem a condição de decidir, não apenas de aderir à causa defendida (explicita ou implicitamente) pela publicação? Ao invés dessa diretriz editorial, manipulação e falseamento dos dados.

O melhor editorial que li a respeito do tema saiu no principal jornal econômico do país, o Valor, de São Paulo, edição do dia 16/11. Alguém haverá de dizer que meu elogio é suspeito porque o editorial elogia este Jornal Pessoal. Ainda que fosse totalmente indiferente às oportunidades virtuosas, jamais podia ignorar o que li: a primeira referência desse tipo a uma publicação como esta na grande imprensa nacional. Referência que a imprensa local não fez nem fará, como não faz em relação à questão da redivisão.

Fui surpreendido pela citação do Valor. Mas se me permitem um momento de orgulho, muito me alegra o conteúdo da referência feita a este JP, tão bem posta quanto a argumentação a respeito do nosso plebiscito do dia 11/12. Conquistamos o direito de nos manifestarmos com autonomia sobre algo que nos diz respeito, mas a análise do jornal paulista mostra que não temos a prerrogativa do monopólio. O plebiscito põe a Amazônia ainda mais no centro da atenção da sociedade brasileira – e isto é bom. Tão bom que reproduzo, a seguir, o editorial de Valor.

"Os 4,8 milhões de eleitores do Pará estão sendo convocados a responder, em plebiscito marcado para 11 de dezembro, se o Estado deve ser dividido em três unidades federativas, em duas ou ficar como está, um gigante com 1,2 milhão de quilômetros quadrados, rico em recursos naturais (tem a maior jazida de ferro do planeta), mas apenas 1,4% de participação no Produto Interno Bruto (PIB), com indicadores sociais sofríveis e palco de violenta disputa pela posse e uso da terra.

"Trata-se de oportunidade única para discutir não apenas a divisão administrativa do Pará mas também o modelo de desenvolvimento que o país quer para a Amazônia, ainda hoje assentado em bases lançadas na época do "Milagre Econômico", nos anos 1970, fincadas na teia de estradas rasgadas na selva, na pata do boi e no avanço desordenado de frentes econômicas.

"Pesquisa Datafolha realizada no início da abertura da campanha no rádio e na televisão revela que 58% dos paraenses são favoráveis à manutenção do status quo. Os emancipacionistas apostam na propaganda para tentar reverter o quadro. Difícil, quando se considera que 60% do eleitorado a se manifestar no plebiscito está concentrado na região de Belém e adjacências, sede do governo contra a qual se voltam as províncias distantes e queixosas do abandono oficial.

"Na hipótese de a maioria votar pela divisão, o Pará remanescente ficará com apenas 17% do atual território – e a grande maioria da população.

"Na região Sul será criado o Estado de Carajás, com 35% do território, 39 municípios, uma população estimada em 1,6 milhão de habitantes, as imensas jazidas de minérios da Serra dos Carajás. O município de Marabá será a capital da nova unidade federativa.

"A outra nova unidade será o Estado do Tapajós, com 58% da área do atual Pará, 27 municípios, a cidade de Santarém, situada no encontro das águas dos rios Amazonas e Tapajós, como capital, e densidade demográfica rarefeita – a população estimada é de cerca de 1,2 milhão de habitantes para uma área de 718 mil quilômetros quadrados.

"'O surgimento de três unidades federativas onde atualmente há apenas uma deverá reproduzir os problemas e queixas, em vez de resolvê-las', escreveu o jornalista Lúcio Flávio Pinto no Jornal Pessoal, publicado em Belém, um fórum de excelência sobre a divisão que elevou de patamar o debate sobre o plebiscito.

"'O que acarreta as distorções não é o excesso de terra a ser jurisdicionada pelo governo local ou a insuficiência de gente para melhorar a relação habitante/quilômetro quadrado, que asseguraria a soberania nacional sobre a fronteira, mas o 'modelo' de ocupação", diz Lúcio Flavio, jornalista de larga vivência e estudos sobre a Amazônia.

De fato, é de se perguntar se o Tapajós, com população rarefeita, não terá tantos problemas quanto Belém para dar atenção a províncias longínquas. Será uma sombra da Vale e o modelo a ser replicado no Tapajós, região onde ainda é possível uma correção no curso impresso nos anos 70?

O custo de criação de duas novas unidades federativas também deve ser considerado.


Segundo estudo do Ipea coordenado pelo professor Rogério Boueri, o custo fixo para a manutenção de um novo Estado é de R$ 832 milhões ao ano, a preços de 2008. Boueri detectou também que esse custo de manutenção, expresso pelo gasto público estadual, cresce com a população e com a produção econômica da unidade – cada habitante acresce R$ 564,69 ao gasto estadual e cada real de produção eleva esse gasto em 7,5 centavos de real.

A criação de dois novos Estados significará a eleição de seis novos senadores da Amazônia e de 13 novos deputados federais para a Câmara (o Pará, que atualmente tem uma representação de 17 deputados ficaria com 14). Aumenta, portanto, o desequilíbrio da representação legislativa federal. Em cada um dos novos Estados será criada uma Assembleia Legislativa. Alguém terá de pagar essa conta, ao final.

Os paraenses, sem dúvida, são soberanos para decidir o que fazer com o Estado, mas essa é uma discussão que definitivamente diz respeito a todo o país. E não é apenas pela fatura, que será paga por todos, mas também pelo destino de uma região cuja sorte sempre foi escrita por mãos de outras paragens.


(*) Editor do Jornal Pessoal

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TRISTE HERANÇA

*ARTHUR VIRGÍLIO

Lisboa – Também sob o ponto de vista ambiental as experiências comunistas (ou socialismo real) foram funestas na Rússia, na Europa do Leste e por onde mais tenham passado ditaduras comandadas por burocratas da máquina partidária, impiedosos com as populações transformadas em súditos e incompetentes para obterem equilibrado avanço socioeconômico e tecnológico.
          Com a queda do Muro de Berlim, por exemplo, a unificação das duas Alemanhas numa só, a longo prazo, se revelou acertada e a prova disso está na pujante economia dirigida pela Primeira Ministra Ângela Dorothea Merkell. Mas quando o comunismo ruiu e a banda Ocidental assumiu a responsabilidade de praticamente reconstruir o lado Oriental, o inventário só apontava pessoas traumatizadas pela crueldade do velho regime, muito atraso tecnológico, muita pobreza e terrível herança de destruição ambiental.
          Foi assim nos países que a Rússia transformou em satélites, reunindo a si mesma e a eles na extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Certamente que não haverá de ser bom o quadro na Coréia do Norte e em Cuba.
          A formidável China, que de comunista não tem mais nada, também tem sustentado seu forte crescimento a partir de ângulos positivos e negativos. Positivos: investe para valer em Educação, em inovação, em tecnologia; ao contrário do Brasil, monta sua pauta de exportações, cada vez mais, em cima de produtos de expressiva agregação de valor industrial e tecnológico; é pragmática em matéria de política externa e deixa os ideologismos de lado em função de sua própria saúde econômica. Negativos: trata-se de uma ditadura; a maior parte da população ainda está excluída dos progressos obtidos; pratica, nos seus territórios que geram produtos de baixo valor tecnológico, duro dumping social (pagam salário miserável aos trabalhadores para oferecer artigos a baixo preço no mercado internacional) e nunca se preocuparam com não poluir a atmosfera. A China emite mais CO² que todos os países do mundo. Quando se fala em emissão per capita, Os EUA a superam largamente.
          Moral da História: o único desenvolvimento econômico que realmente interessa aos seres humanos e ao futuro é o que se preocupa com a sustentabilidade, com o meio ambiente, com um planeta saudável a ser transmitido aos nossos filhos e netos.

          *Diplomata

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As razões que justificam criar o Estado do Tapajós


José de Lima Pereira

As razões que justificam criar o Estado do Tapajós
José de Lima Pereira*
Santarém -
 O Estado do Tapajós é uma proposta de nova unidade federativa do Brasil, resultante do desmembramento do Pará, ou seja, das regiões do Baixo Amazonas e Sudoeste Paraense. O novo Estado deve ser criado por meio de um plebiscito que já está marcado para o dia 11 de dezembro de 2011, onde todos os eleitores do Pará devem participar da eleição.

Se realmente o Tapajós for escolhido, será o terceiro maior estado brasileiro em área territorial, superado apenas por Amazonas e Mato Grosso. Em seu território haverá 1 300 090 habitantes, em torno de 20% da população do atual estado do Pará. A capital do provável do Estado será Santarém, que atualmente possui 294 774 habitantes, já descontada a população do município de Mojuí dos Campos, recém-criado e desmembrado do município de Santarém (IBGE/2011). Também contará com uma universidade federal, que será convertida de Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) para Universidade Federal do Tapajós. Se o Tapajós for criado, o estado terá 27 municípios e um PIB de R$ 8,76 bilhões, segundo dados do IBGE (2011).

Os antecedentes do movimento de emancipação de Tapajós são antigos e a idéia da criação desta nova Unidade Federativa partiu do governo central há mais de 150 anos, datam do início do século XVIII.

Na região o desejo emancipacionista tem raízes históricas que vêm desde a metade do século XIX, quando Dom Pedro II assinou, em 1850, o decreto de criação da Província do Rio Negro, mais tarde Província e estado do Amazonas, depois que as elites daquela unidade intentaram, sem êxito, a separação por conta própria, em 1832.

Após a perda territorial de sua imensa banda oeste, as elites paraenses permaneceram inconformadas e os atritos foram frequentes entre as duas unidades. Surgiu, então, a idéia de se criar uma terceira província, que viria, naquele momento, arrefecer os ânimos das elites locais.

Em 1869, foram intensos os debates no Parlamento Imperial sobre a necessidade de transformar o Baixo Amazonas paraense (hoje chamado de Oeste do Pará) em uma província autônoma. Em 1832, o Grão-Pará tinha três comarcas: Belém, Santarém e Manaus. Santarém adquiria, assim, status jurídico e administrativo semelhante ao das outras duas cidades, alimentando o sonho da autonomia que jamais veio a se realizar. A redivisão territorial voltou a ser discutida novamente, para resolver as diferenças de limites entre as duas províncias, nos anos de 1869 e 1877.

Após a instalação da República, foram feitas várias propostas de reordenamento territorial do Brasil e todas, sempre evidenciado a Amazônia e citando o Tapajós, seja como província ou como um futuro estado.

Entre os anos de 1933 e 1980, foi proposta a redivisão territorial da Amazônia, incluindo o estado do Pará, apontada como alternativa de desenvolvimento social a criação do estado do Tapajós. Nomes como os de Segadas Viana, Juarez Távora e Ronan Liberal (Prefeito de Santarém), propuseram a criação do estado.

Em 1984, ocorreu uma importante reunião no antigo Hotel Tropical, em Santarém que consolidou um novo momento de luta pelo plebiscito do estado do Tapajós. Por pouco não se criou o Estado do Tapajós, na Assembléia Constituinte de 1988. Embora não se tenha consolidado a criação do Estado, fundou-se a Frente Popular pelo estado do Tapajós, tendo coletado mais de 17 mil assinaturas, em pouco mais de 15 dias úteis, tendo dado entrada no Congresso Revisor, de uma emenda popular, protocolada sob o número 12.977-7, que hoje, junto com o relatório 01/90, respaldam o projeto do Senador Mozarildo Cavalcanti, de 1993.

Em 1995 um relatório da Comissão de Estudos Territoriais da Assembléia Legislativa do Estado do Pará, deu viabilidade à criação do estado do Tapajós, então uma ação político-popular, entrou no Senado Federal com o Projeto de Decreto Legislativo de Consulta Plebiscitária sobre a criação do estado do Tapajós, em 1999.

Atualmente é coordenado pelo Movimento Pelo Plebiscito e Criação do Estado do Tapajós, juridicamente constituído e com apoio maciço da população local. O projeto posto na Mesa do Plenário, com pedido de urgência foi aprovado no dia 31 de maio de 2011.

A Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional aprovou anteriormente, no dia 24 de março de 2010, o projeto de convocação do plebiscito sobre a divisão do Pará para criação dos Estados de Tapajós e Carajás. No plebiscito sobre a criação do novo estado, embora fosse constar a região diretamente afetada, devem ser consultados os cidadãos dos 144 municípios do estado do Pará.

O projeto aprovado também fixa um prazo de dois meses para o pronunciamento da Assembléia Legislativa do Pará. O plebiscito deverá ser realizado pelo Tribunal Regional do Pará no dia 11/12/2011. A convocação do plebiscito é passo fundamental para a criação do novo estado. Somente com o aval da população dos municípios direta-mente envolvidos, é possível dar continuidade ao processo, com a consulta da assembléia do estado a ser desmembrado e a aprovação, pelo Congresso, de uma lei complementar instituindo o novo estado.

De acordo com estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), órgão responsável por estudos socioeconômicos (2010), sobre a viabilidade do novo estado, o custo econômico total da nova unidade federativa deve ser de R$ 832 milhões anuais. Há ainda, estudos de órgãos como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontam que a região teria um Produto Interno Bruto – PIB (2011) de R$ 9,173 bilhões, superior a dos estados do Acre, Amapá e Roraima, o que viabilizaria a implantação do Tapajós.

Pelos dados e análise do Centro Avançado de Estudos Amazônicos – CEAMA (2011), levando-se em conta dos dados do IBGE (2011), IPEA (2010), Ministério da Fazenda (2011), Ministério do Planejamento (2011), SEPOF/PA (2011) e outros órgãos de fomento de dados econômicos do país, são muitas as razões que fazem do projeto, um Estado com viabilidade econômica.

Índice de Desenvolvimento Humano

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de "desenvolvimento humano" e para separar os países desenvolvidos, em desenvolvimento e subdesenvolvidos. A estatística é composta a partir de dados de expectativa de vida ao nascer, educação e PIB per capita (como um indicador do padrão de vida) recolhidos a nível nacional. Cada ano, os países membros da ONU são classificados de acordo com essas medidas. O IDH também é usado por organizações locais ou empresas para medir o desenvolvimento de entidades subnacionais como estados, cidades, aldeias, etc.

O índice foi desenvolvido em 1990, pelos economistas Amartya Sen e Mahbub ul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no seu relatório anual.









Analisando o IDH do Estado do Pará, que vai de zero (0) a um (1), verifica-se que os melhores índices no ranking estão em Belém (0,806),a capital, Ananindeua (0,782) e Barcarena (0,769), que cidades que compõem a região metropolitana de Belém. O quarto no ranking está em Novo Progresso (0,760), que é o município mais distante da capital (1.700km em linha reta), isto porque suas relações comerciais, de educação, saúde e outras, são diretamente com Mato Grosso, estado recentemente emancipado que de 2000 a 2004, teve seu PIB elevado de R$ 13,428 bilhões para R$ 27,935 bilhões, equivalentes a 108,2% de crescimento.

Santarém, uma dos municípios mais importantes do Estado (PIB = R$ 3,105 bilhões), tem IDH de 0,745 (oitavo no ranking) e o município de Prainha, 0,621 (123º no ranking), de um total de 143 municípios.

Isolamento regional

É inerente à competitividade regional e emprego e tem como base três grupos de temas: inovação e economia baseada no conhecimento (para elevar a qualidade das economias regionais), ambiente e prevenção dos riscos (para assegurar a sustentabilidade do desenvolvimento) e acessibilidade aos serviços de transportes e às tecnologias da informação e comunicação (TIC) para reduzir o isolamento regional, variáveis que canalizam uma região a extrema pobreza.









Pelo quadro acima, que tem como fonte dados do Balanço Geral do Estado do Pará em 2010, realizado pela Secretaria de Fazenda, Secretaria de Planejamento de Orça-mento e Finanças do Pará, um relatório com mais de mil páginas, aponta uma série de valores e índices que remete a região do Tapajós ao isolamento econômico e social (Figura 2).

Expectativa de vida

Pelos dados, a maior expectativa de vida está na região metropolitana, hoje de 75,6 a 78,0 anos. Isso se justifica pela melhor qualidade de vida que tem a população; a região do Tapajós tem expectativa de vida de 73,6 a 75,5 anos e Carajás, 71,6 a 73,5 anos. O Pará como um todo tem sua população com expectativa de vida média entre 73,5 e 75,2 anos.

Renda per capta

A renda per capita ou rendimento per capita é um indicador que mede o grau de desenvolvimento econômico de um país ou região. É a soma dos salários de toda a população, dividido pelo número de habitantes e consiste na divisão da renda nacional, que é o produto nacional bruto menos os gastos de depreciação do capital e os impostos indiretos, pela sua população.

A renda é calculada para o ano. Isto ocorre porque a apuração consolidada do PIB é realizada somente ao final do ano. Com relação às diferenças encontradas, devem-se basicamente a forma de contabilização, ou seja, preços correntes, ou série histórica normalizada. Para o Brasil, a fonte mais adequada para obter dados do PIB é o IBGE.

A renda per capta do Tapajós em 2010 foi medida em R$ 6,4 mil, abaixo da renda da região metropolitana de Belém e municípios que farão parte do novo Estado do Pará que foi calculada em R$ 8 mil e a do Carajás, em decorrência das grandes indústrias de mineração, a renda atingiu 23,3 mil.

Educação

Educação engloba os processos de ensinar e aprender. É um fenômeno observado em qualquer sociedade e nos grupos constitutivos destas, responsável pela sua manutenção e perpetuação a partir da transposição, às gerações que se seguem, dos modos culturais de ser, estar e agir necessários à convivência e ao ajustamento de um membro no seu grupo ou sociedade. Enquanto processo de sociabilização, a educação é exercida nos diversos espaços de convívio social, seja para a adequação do indivíduo à sociedade, do indivíduo ao grupo ou dos grupos à sociedade. A educação é o processo de transformação de todos os cidadãos.

O avanço político e social de qualquer população perpassa pela formação cultural de seu povo. Se essa população não tem educação de qualidade, como poderá ter uma perspectiva de vida, qualidade de vida e principalmente qualificação profissional?

No Estado do Pará, segundo dados do IBGE (2011), pouco tem se avançado nos investimentos em educação. Do total do PIB paraense (R$ 61,2 bilhões), menos de 3,5% se investe em educação. Mesmo com o programa federa de alfabetização de jovens e adultos, a taxa de alfabetização da região metropolitana de Belém ainda não chegou a sua plenitude (100%), chegando a 92,8%. Na região do Tapajós, essa taxa cai para 84,5%. Em que pese Santarém ser considerada uma cidade universitária com 14 instituições de ensino superior, os investimentos do governo do estado na região ainda estão baixo do ideal.









Do total de R$ 1,861 bilhão investido em educação, mais de 82% ficam com a região metropolitana de Belém; Tapajós com 9,22% e Carajás, 8,54%.

Saúde

O termo “qualidade de vida” abrange muitos fatores que, em conjunto, oferecem ao ser humano condições de vida consideradas satisfatórias. Fatores como uma boa educação, boas condições de moradia, bons empregos, bom convívio social, bem- estar integral, enfim, fatores que aumentam a expectativa de vida e transformam a sobrevivência em algo prazeroso. Por isso, há uma constante busca das cidades brasileiras em proporcionar aos seus habitantes um lugar melhor para viver, podendo chegar a uma competição pela qualidade de vida.

Por outro lado, os investimentos em saúde pública também são de fundamental importância para o aumento da expectativa de vida, principalmente em saúde preventiva, que equivale a 12,3% do total de gastos em saúde curativa.

Na região metropolitana de Belém o número de leitos hospitalares por 10 habitantes na região é de 2,23. Na região do Tapajós, 1,76. O número de centros de saúde na mesma proporção é de 3,27 e no Tapajós, 2,78. A mortalidade infantil, 16,49 por mil habitantes e na região do Tapajós, 20,98.









Do total de R$ 1,659 bilhão investido em saúde, mais de 81% ficam com a região metropolitana de Belém; Tapajós com 8,59% e Carajás, 9,89%.

Esgoto e saneamento básico

Saneamento básico é um conjunto de procedimentos adotados em uma determinada região que visa proporcionar uma situação higiênica saudável para os habitantes. Entre os procedimentos do saneamento básico estão: tratamento de água, canalização e tratamento de esgotos, limpeza pública de ruas e avenidas, coleta e tratamento de resíduos orgânicos (em aterros sanitários regularizados) e materiais (através da reciclagem).

Com estas medidas de saneamento básico, é possível garantir melhores condições de saúde para as pessoas, evitando a contaminação e proliferação de doenças. Ao mesmo tempo, garante-se a preservação do meio ambiente.

No estado do Pará, esses índices podem ser observados levando-se em conta as peculiaridades regionais. Na região metropolitana de Belém a coleta de lixo em domicílios chega a 97,03%. Na região do Tapajós, 81,45% e na região do Carajás, 80,56%. No estado do Pará, 82,45%.

Quanto aos domicílios com serviço de esgoto, na região metropolitana de Belém, 88,13%; na região do Tapajós, 60,45% e do Carajás, 59,78%. No Pará, 63,21%. Já o número de domicílios com água encanada, na região metropolitana de Belém, 65,79%; na região do Tapajós, 51,26% e Carajás, 50,85%. No Pará, 54,27%.









Do total de R$ 192,8 milhões investidos em saneamento, mais de 92% ficam com a região metropolitana de Belém; Tapajós com 3,58% e Carajás, 3,75%.

Habitação e moradia

O Direito à moradia adequada se tornou um direito humano universal, aceito e aplicável em todas as partes do mundo como um dos direitos fundamentais para a vida das pessoas, no ano de 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Após este marco, vários tratados internacionais expressaram que os Estados têm a obrigação de promover e proteger este direito. A Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece explicitamente o direito à moradia. Apesar disso, a implementação deste direito é ainda um grande desafio.

No estado do Pará, o déficit de moradia atinge índices acima da média do país, com 19,52%. Na região metropolitana de Belém, 16,10%; na região do Tapajós, 21,85% e Carajás, 21,90%.

No que se refere às condições sub-humanas das moradias paraenses, na região metropolitana de Belém o número de domicílios improvisados equivale a 0,02%, muito diferente das regiões do Tapajós e Carajás que têm índices de 0,16% e 0,196% respectivamente.









Do total de R$ 129,7 milhões investidos em habitação, mais de 90% ficam com a região metropolitana de Belém; Tapajós com 4,87% e Carajás, 4,68%.

Finalizando

A falta de presença do poder público em áreas isoladas como o Oeste do Pará, trava o desenvolvimento econômico. Dada a distância que separa o Oeste do Pará da capital do Pará, o futuro do novo Estado, na prática, já se constitui uma unidade com vida própria.
Estados gigantescos como Pará e o Amazonas, são inviáveis do ponto de vista econômico e administrativo. A criação de uma nova Unidade Federativa no Oeste do Pará, mais do que um projeto político, é um projeto de desenvolvimento econômico e social no Norte do Brasil e servirá para solidificar a vigilância e a soberania sobre as riquezas, proporcionando o desenvolvimento harmonioso do país.

Bibliografia básica

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ. Balanço Geral do Estado do Pará: 2010. Belém: SE-FA/PA, 2011. www.sefa.pa.gov.br [acessado em 10/11/2011].
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍTICA. Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Brasília: IBGE, 2011. www.ibge.gov.br [acessado em 12/11/2011].
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍTICA. Produto Interno Bruto dos Estados. Brasília: IBGE, 2011. www.ibge.gov.br [acessado em 12/11/2011].
CENTRO AVANÇADO DE ESTUDOS AMAZÔNICOS. Banco de dados do Tapajós. Santarém: CEAMA, 2011.
SANDRONI, Paulo. Dicionário de Economia. São Paulo: Atlas, 2011.
PEREIRA, José L. Viabilidade econômica do Estado do Tapajós. Santarém: CEAMA, 2011.


(*)
M.Sc. Economista José de Lima Pereira

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MUITO A FAZER


*ARTHUR VIRGÍLIO
29/10/2011
         

Lisboa – A presidente Dilma Rousseff anunciou, em Manaus, seu apoio à prorrogação, por 50 anos (até 2073) dos incentivos fiscais que amparam a Zona Franca. Trata-se de uma boa notícia, embora de pouco efeito, se certas providências não começarem, de pronto, a ser adotadas.

A primeira haveria de ser o compromisso de não mais agredir o nosso Polo Industrial através de Medidas Provisórias, Decretos, Portarias. A MP 534 inviabilizou a produção de tablets no Amazonas. Antes, já havíamos perdido os modens. Portarias recentes do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio ameaçam o polo de celulares.

Concomitantemente, é preciso repactuar o modelo, envolvendo os governos, os parlamentares, os empresários, os trabalhadores, a comunidade científica. E partir, sem delongas, para o investimento em infraestrutura, inovação e formação de mão de obra.

Em razão da falência logística, estamos perdendo uma fábrica chinesa de motocicletas para Suape, em Recife. Os investidores fizeram as contas e concluíram ser mais viável operar seu empreendimento num porto adequado, perto da malha rodoviária e, vá lá!, ferroviária nacional, próximo, igualmente, do fantástico mercado consumidor do Centro-Sul.

Se esses cálculos estiverem corretos, o polo de duas rodas do Distrito Industrial poderá ficar congelado ou, até, perder empresas para outros centros. A menos que a desvantagem logística seja amenizada com a estruturação aeroportuária, a preparação de hidrovias, a saída terrestre para o resto do País, a desburocratização, o investimento maciço em inovação e especialização da força de trabalho.

A prorrogação, enquanto medida isolada, não será capaz de deter a marcha descendente da Zona Franca de Manaus. É urgente e inadiável, porém insuficiente para estancar a sangria.

Sou autor de uma PEC, aprovada no Senado e tramitando na Câmara, que prorroga o modelo por 10 anos (até 2033); de outra, que se encontra misteriosamente parada na Comissão de Justiça do Senado, propondo a prorrogação por meio século, e ainda de uma terceira emenda, estendendo os incentivos fiscais a todos os municípios da Região Metropolitana. A presidente Dilma nem precisaria inventar instrumento novo para obter a prorrogação: bastaria não discriminar a ideia de um adversário e colocar o interesse público em primeiro lugar.

Parti para todas essas medidas legislativas por entender que a extensão temporal dos incentivos contribuirá para criar clima de mais segurança para as empresas que estão instaladas e para as que venham a se instalar no PIM. E sempre alertei que o ataque aos gargalos de infraestrutura e o investimento em inovação e qualificação de mão de obra seriam essenciais para que o parque industrial de Manaus sobrevivesse e mantivesse a perspectiva de futuro.

Não está certo, definitivamente, é com uma das mãos propor a necessária prorrogação e, com a outra editar uma MP, como a que nos tirou os tablets.


          *Diplomata


Saudações partidárias

01/11/

A cerimônia de posse de Aldo Rebelo no Ministério do Esporte não foi a primeira a se transformar em ato de desagravo ao demitido, nesse verdadeiro dominó de queda de ministros em série na administração Dilma Rousseff.

Dora Kramer - Jornalista, escreve simultaneamente no jornal “O Estado de S. Paulo”



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04/11/2011

Transporte Coletivo

Artigo

Nas ultimas semanas os debates em torno do sistema de transporte coletivo se intensificaram por conta do abusivo aumento da tarifa. Somos todos pessoas conscientes e sabemos que em um determinado momento o reajuste teria que ser dado. No entanto, o que revolta e indigna a todo nós não é o aumento em si, mas a forma como a Prefeitura tratou a questão.
Primeiro, deram um aumento abusivo que superou todos os índices de inflação dos últimos anos e revoltou a população. Juntamente com isso, o prefeito acabou coma Domingueira, que era um importante mecanismo de justica social dentro do sistema pelo qual todos os cidadãos tinham a oportunidade de ter o seu lazer em familia aos domingos pagando metade da tarifa. E se não bastasse, acabou com a gratuidade dos idosos que é um direito constitucional.
Depois, elevou a tarifa dos alternativos para absurdos R$5,50, com a clara intenção de quebrar este sistema, por não ter se curvado as determinações do senhor Marcos Cavalcante, nos colocando frente à inusitada situação, onde os empresários protestaram para terem um reajuste menor, ou seja, eles querem ganhar menos, mas Amazonino, por algum motivo quer elevar absurdamente.
O que se vê é o total descontrole, a falta de ordem e um prefeito sentado ao lado dos empresários, quando deveria se colocar ao lado da sociedade. Sabemos quão a solução é difícil e por isso sempre jogamos limpo coma população. Amazonino prometeu resolver o problema em 120 dias e o que fez foi complicar ainda mais a situação, eliminando direitos como a reducao da meia passagem, o fim da domingueira e a restrição da integração temporal. Amazonino está do outro lado e semana que vem falaremos mais desses acordos.

Até quinta!

Por Marcelo Serafim



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*ARTHUR VIRGÍLIO

05/11/201 Artigo

          Lisboa – O tempo está chuvoso. E venta muito nesta cidade. O outono alterna dias assim com aqueles outros de temperatura amena em tempo firme, as folhas caindo, talvez a estação mais bonita do ano.
          Escrevo num começo de noite de ruas desertas. As poucas pessoas que transitam, o fazem protegidas por guarda-chuvas ou capas impermeáveis. Bate uma melancolia misturada com saudade de casa.
          Hoje vejo que não poderia mesmo ser diplomata em tempo integral. Não conseguiria viver longe do Brasil, do Amazonas, de Manaus. Gosto de viajar, porém com retorno certo.
          Meus colegas passam temporadas de 10 anos no exterior. Retornam a Brasília por um biênio e, após, se quiserem, partem para outro período demorado fora.
          Lisboa é uma cidade linda, de povo amável, culinária inigualável, hábitos metropolitanos. Gosto daqui. Uma amiga me diz que é como se fosse a casa da nossa avó.
          Tem o clima mais leve da Europa. A esta altura, a Alemanha já gelou, em contraposição às temperaturas que, nesta capital, oscilam entre 13 e 18 graus. No inverno, descem a cinco, chegando a zero na Serra da Estrela.

          Tenho ido muito a livrarias. É uma diversão à parte.

          Leio sem parar e tenho uma lista enorme de livros para devorar. Sem falar nos jornais e revistas, que dão conta da crise econômica portuguesa, da zona do euro e, muito agudamente, da Grécia.
          Quando voltar, sei que terei acrescentado muita coisa boa à minha vida pessoal e intelectual. Mas a saudade aperta de verdade, volta e meia. É como se fosse um “exílio”, não imposto por poder nenhum e sim escolhido por mim próprio. Nem por isso menos exílio.
          A internet encurta certas distâncias. Não todas, contudo. Dá respostas objetivas a indagações que lhe faço; não é capaz de desvendar os segredos da minha alma.
          Moro num lugar gostoso, com vista para o Tejo. Ao lado tem uma tasca que serve uma sopa esplêndida. Pela rua passa o “elétrico” (bonde) que, não sei bem a razão, me lembra Fernando Pessoa.
          Gosto de ficar na janela à noite, meditando por algum tempo. O pensamento vai longe, carregado pela imaginação.
          Dá para vagar pelas ruas em paz. Não existe a figura da violência urbana, tal como a conhecemos no Brasil. Os jovens são mais livres, precisamente porque estão mais seguros. Dominam as praças com alegria e em paz.
          A maior paixão dos portugueses é o futebol. Em Lisboa, a maioria é Benfica e uma minoria expressiva torce pelo Sporting. No Porto, claro, todo mundo vai com o time da casa. Rivalidade intensa.
          A situação econômica é dificílima, mas, diferentemente da Grécia, (ainda) há consenso interno de apoio às medidas de austeridade impostas por FMI, Comissão Européia e Banco Central Europeu. O povo está sofrendo, confiante em que mergulhará em dois anos de recessão, retomando o crescimento a partir daí.
          Doravante, sempre me irei preocupar com Portugal de modo diferente. Mais pessoal, mais emocional.

          *Diplomata escreve semanalmente para o blog

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