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Amazonas registra recorde de mortes e casos confirmados de Covid-19

Boletim epidemiológico aponta que 867 novos casos de Covid-19 e 65 mortes pela doença foram confirmados de segunda para terça (5). Estado vive colapso no sistema de saúde e funerário.

A informação é do G1 AM


O Amazonas registrou, nesta terça-feira (5), o maior número de casos e mortes pelo novo coronavírus confirmados em um único dia desde o início da pandemia. Conforme boletim epidemiológico da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), nesta terça-feira, foram contabilizados mais 867 casos de Covid-19 e 65 óbitos. Agora, o estado totaliza 8.109 casos confirmados da doença e o número de mortes sobe para 649.

O sistema público de saúde do Amazonas vem apresentando dificuldade para atender a alta demanda causada pela pandemia e opera com cerca de 90% dos leitos ocupados. Em Manaus, o sistema funerário também começou a entrar em colapso, com estoque quase esgotado de caixões, enterros em valas comuns e caixões empilhados. O governador Wilson Lima afirmou que o comércio pode ser completamente fechado se os casos no estado não diminuírem até o dia 13.

Casos de coronavírus no Amazonas

Primeiro caso foi registrado no dia 13 de março, e primeira morte no dia 24
Casos confirmados
Mortes13/mar20/mar28/mar4/abr07/abr09/abr11/abr13/abr15/abr17/abr19/abr21/abr23/abr25/abr27/abr29/abr01/mai03/mai05/mai02k4k6k8k10k
Fonte: FVS-AM

De acordo com o boletim atualizado da FVS-AM, do total de pessoas infectadas no Amazonas, 4.804 são de Manaus e 3.305 são do interior do estado, com registro de casos em 53 municípios. Manacapuru configura o pior cenário, com 611 casos, e é a cidade com a maior incidência e maior mortalidade por Covid-19, por 100 mil habitantes, do Brasil.

Além da capital e Manacapuru, 52 municípios também têm casos confirmados: Parintins (263); Tabatinga (232); Iranduba (181); Santo Antônio do Içá (180); Itacoatiara (150); Rio Preto (145); Coari (143); Maués (139); Careiro Castanho (118); Carauari (116); Tefé (113); Presidente Figueiredo (105); Autazes (92); São Paulo de Olivença (89); Tonantins (59); Boca do Acre (52); Anori (47); Benjamin Constant (47); Amaturá (35); Urucará (34); Tapauá (28); Silves (26); Nova Olinda do Norte (25); Lábrea (21); Manaquiri (19); Maraã (19); São Gabriel da Cachoeira (18); Careiro da Várzea (17); Fonte Boa (17); Itapiranga (17); Novo Airão (17); Beruri (14); Barreirinha (12); Novo Aripuanã (12); Urucurituba (12); Jutaí (11); e Borba (10).

Os municípios de Caapiranga, Codajás e Manicoré têm sete casos cada um. Eirunepé tem seis casos. Barcelos, Canutama e Santa Isabel do Rio Negro têm cinco casos cada. Anamã tem quatro casos. São Sebastião do Uatumã tem três casos. Alvarães, Boa Vista do Ramos, Humaitá e Nhamundá têm dois casos. Os municípios com apenas um caso confirmado são: Atalaia do Norte e Juruá.

O boletim desta terça-feira aponta, ainda, que 4.904 pessoas com diagnóstico de Covid-19 estão em isolamento social ou domiciliar no Amazonas. De segunda (4) para terça (5), mais 97 pessoas se recuperaram da doença e estão fora do período de transmissão do vírus, totalizando, agora, 2.097 recuperados.

Entre os casos confirmados de Covid-19 no Amazonas há 459 pacientes internados, sendo 268 em leitos clínicos (75 na rede privada e 193 na rede pública) e 191 em UTI (70 na rede privada e 121 na rede pública).

Há ainda outros 979 pacientes internados considerados suspeitos e que aguardam a confirmação do diagnóstico. Desses, 735 estão em leitos clínicos (201 na rede privada e 534 na rede pública) e 244 estão em UTI (109 na rede privada e 135 na rede pública).

Mortes acima da média histórica

O número de mortes em Manaus disparou desde o início da pandemia do novo coronavírus até o dia 25 de abril e está 108% acima da média histórica. A análise exclusiva para o G1 foi feita pelo epidemiologista Paulo Lotufo, da USP, com base em dados capturados do Portal da Transparência do Registro Civil pelo engenheiro de software Marcelo Oliveira.

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Para os especialistas, a taxa revela a subestimação das estatísticas oficiais. Em uma análise entre os dias 21 e 28 de abril, a quantidade de mortes por síndromes respiratórias e causas indeterminadas no Amazonas aponta que o número de pessoas que morreu por Covid-19 pode ser sete vezes maior do que o divulgado oficialmente.

22 de abril: enterro coletivo de vítimas de Covid-19 em realizado no cemitério de Nossa Senhora Aparecida em Manaus. — Foto: Michael Dantas/AFP

O ministro da Saúde, Nelson Teich, cumpriu agenda em Manaus nesta segunda-feira (4), para avaliar o cenário do estado diante da pandemia do novo coronavírus. Durante o dia, Teich visitou o Comando Militar da Amazônia (CMA), além de hospitais da capital, para definir ações de enfrentamento à Covid-19 no estado. Teich chegou a afirmar que discutiu um programa para atendimento a indígenas com Covid-19, mas não apresentou nenhum prazo.

O sistema de saúde, à beira do colapso, recebe mais de 500 profissionais do Ministério de Saúde, nesta semana, para atuar no combate à Covid-19. Caixões têm chegado à capital por meio de barco, para abastecer o estoque da rede privada de funerárias, que opera em seu limite.

Medidas mais extremas também foram adotadas no maior cemitério público da capital: caixões são enterrados em valas comuns, caixões enterrados empilhados - medida cancelada após revolta de familiares - e instalação de contêineres frigoríficos para comportar corpos que aguardam o enterro.

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