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Ministro Gilmar Mendes pede para ser lacrados documentos da CPI dos Correios que Aécio teve acesso.

Gilmar determina que sejam lacrados documentos da CPI dos Correios
Ministro do Supremo atendeu a pedido do procurador-geral da República.
Ao pedir para lacrar dados, Janot tenta impedir alteração em possíveis provas.

Mariana Oliveira Da TV Globo, em Brasília

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e determinou que documentos do arquivo da CPI dos Correios, de 2005, sejam lacrados.

Janot pediu abertura de inquérito para apurar a suposta participação do senador Aécio Neves (MG), hoje presidente nacional do PSDB, em uma suposta maquiagem nos dados sobre o Banco Rural cujo objetivo seria esconder a existência do mensalão mineiro durante a apuração na CPI, que investiga o mensalão do PT.

O procurador se baseou na delação premiada do senador cassado Delcídio do Amaral (sem partido-MS) e também pediu para investigar se o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP) e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), também sabiam da irregularidade.
Ao pedir para lacrar as caixas da CPI, Janot disse tentar impedir alteração em possíveis provas. O senador teria tido acesso aos documentos nos últimos dias para preparar defesa a ser apresentada ao Supremo.

A pedido de Janot, o ministro Gilmar Mendes também determinou a entrega de imagens de segurança do local onde ficam guardadas as caixas desses documentos.

No início de maio, quando Janot pediu a Supremo para investigar Aécio, a assessoria de imprensa do senador informou, por meio nota, que as menções feitas por Delcídio são "improcedentes, caluniosas e sem qualquer tipo de comprovação". No comunicado, Aécio também negou o suposto pedido para prorrogar prazo das informações do Banco Rural.

O que disse Delcídio
No termo de colaboração 18 de Delcídio do Amaral, ele aponta maquiagem de dados do Banco Rural em relação ao mensalão mineiro durante a CPI dos Correios, em 2005. A CPI investigou o mensalão do PT. Delcídio do Amaral, então no PT, era presidente da CPI.

Segundo a delação de Delcídio, quando surgiram pedidos de quebra de sigilo do Banco Rural, integrantes do PSDB ficaram incomodados. Ele afirmou na delação que o então governador de Minas, Aécio Neves, enviou pedido pelo então secretário-geral do PSDB, Eduardo Paes, para prorrogar prazos de entrega das quebras.


"Que foi com surpresa que o declarante percebeu, a receber as respostas, que o tempo fora utilizado para maquiar os dados que recebera do Banco Rural; que, ficou sabendo que os dados eram maquiados porque isso lhe fora relatado por Eduardo Paes e o próprio Aécio Neves; que, os dados atingiriam em cheio as pessoas de Aécio Neves e Clésio Andrade, governador e vice-governador de Minas Gerais; que o declarante compreendeu a existencia da maquiagem pelo fato de que a gênese do mensalao teria ocorrido em Minas Gerais", disse Delcídio na delação.

O senador cassado falou que, além de Aécio e Paes, o deputado Carlos Sampaio também sabia da maquiagem dos dados. Segundo ele, o relatório final da CPI dos Correios "foi feito com base nestes dados maquiados".

"Que o declarante entende que o Banco Central possui os dados corretos e teria condições de apontar a maquiagem. Que o declarante não sabe dizer quais foram os responsáveis, no Banco Rural, pela maquiagem dos dados. Que outros parlamentares também sabiam que esses dados estavam sendo maquiados, podendo citar os deputados Carlos Sampaio e Eduardo Paes."

Na época do pedido de Janot para abrir inquérito, Paes informou, por meio de nota, que "está à disposição da Justiça" para prestar esclarecimentos sobre o episódio relatado por Delcidio. Segundo Paes, "em nenhum momento" Aécio solicitou "qualquer tipo de benefício" nas investigações da CPI dos Correios.

Carlos Sampaio divulgou, em maio, uma nota na qual destacou que o pedido de investigação de Janot "é um procedimento corriqueiro da PGR". Em seguida, o deputado do PSDB divulgou um novo comunicado à imprensa, para relatar que foi, na tarde desta quarta, à sede da Procuradoria Geral da República para apresentar explicações sobre os fatos relatados por Delcídio.

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